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Rogério Gentile

Pais de Miguel dizem que ex-patroa agiu com preconceito e pedem R$ 987 mil

 Mirtes Renata de Souza, a mãe de Miguel                             - DAY SANTOS/JC IIMAGEM
Mirtes Renata de Souza, a mãe de Miguel Imagem: DAY SANTOS/JC IIMAGEM

Colunista do UOL

24/08/2020 11h26Atualizada em 24/08/2020 12h25

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Os pais do menino Miguel Otávio Santana da Silva, morto em junho ao cair do nono andar de um prédio em Recife, entraram na Justiça exigindo uma indenização de R$ 987 mil da empresária Sari Corte Real.

A mãe de Miguel, Mirtes Renata Santana de Souza, trabalhava como empregada doméstica no apartamento de Sari, mulher do prefeito da cidade de Tamandaré (PE), Sergio Corte Real.

No dia 2 de junho, Mirtes deixou o filho com a então patroa e desceu para levar o cachorrinho da família para passear na calçada do condomínio.

Em certo momento, o menino de 5 anos , segundo o relato feito pela família no processo, tentou encontrar a mãe, pois queria passear com o cachorro. Sari, que estava fazendo as unhas, não o impediu de utilizar o elevador do prédio de 38 andares. Miguel acabou caindo de uma janela do nono andar.

Na ação em que cobra a indenização, Mirtes diz que Sari teria adotado outra conduta se no elevador estivesse alguma amiguinha de sua filha. "Jamais ela viraria a costas e voltaria para a manicure", afirma a mãe na ação, assinada também pelo pai de Miguel, Paulo Inocêncio da Silva, e pela avó, Marta Maria Santana Alves, que também trabalhava para a família Corte Real. "Houve preconceito social."

Para os familiares de Miguel, a criança foi vítima da "impaciência, da superficialidade e da futilidade". "Sobra paciência para gastar horas modelando unhas, porém falta paciência e tato para lidar com a birra de uma criança por apenas 10 minutos."

MP também ofereceu denúncia contra Sari Corte Real

Além do processo movido pelos pais de Miguel, Sari foi denunciada pelo Ministério Público sob acusação de crime de abandono de incapaz. Em caso de condenação, a pena prevista é de 4 a 12 anos de prisão.

Sari ainda não apresentou defesa em nenhum dos processos. Em entrevista ao programa Fantástico, declarou que não achava que o garoto corria riscos. "Sinto que fiz tudo o que podia", disse. "Se eu soubesse que tudo isso ia acontecer, eu voltava e tentava fazer mais do que eu fiz naquela hora", afirmou. "Eu acreditei que ele voltaria para o andar." Na entrevista, ela pede perdão à mãe de Miguel.