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Rogério Gentile

Ator de Chiquititas é inocentado da acusação de violência doméstica

João Gabriel Vasconcelos como Armando em Chiquititas (Divulgação / SBT) - Reprodução / Internet
João Gabriel Vasconcelos como Armando em Chiquititas (Divulgação / SBT) Imagem: Reprodução / Internet

Colunista do UOL

05/01/2021 09h59

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O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) inocentou o ator João Gabriel Vasconcelos, acusado de ter praticado violência doméstica contra a ex-mulher, a modelo Jéssica Aronis.

Vasconcelos, que atuou em "Chiquititas" (SBT) e na série "O Negócio" (HBO), foi casado por quase seis anos com Jéssica. Em 2018, a modelo publicou no Instagram um relato no qual afirmou ser vítima de um relacionamento abusivo.

À Justiça, a modelo disse que, durante uma reunião de uma empresa da qual eles eram sócios, o ator, descontrolado, começou a gritar: "Porra, você está de brincadeira comigo? Quantas vezes eu já falei que você deve me atender quando eu chamo você?"

Em seguida, sempre de acordo com a acusação, ele teria agarrado o braço de Jéssica e a conduzido à força até uma sala, onde a empurrou sobre uma mesa. Vasconcellos só teria parado após a intervenção de um funcionário da empresa, que entrou na sala para socorrer a vítima e, em seguida, acionou a Polícia Militar.

O processo ainda anexa áudio de uma conversa onde o ator faz ameaças à modelo.

Vasconcelos se defendeu dizendo que nunca agrediu Jéssica, mas que foi agredido por ela. Afirmou que a modelo, quando estava nervosa, tinha o hábito de apontar o dedo para seu rosto. Disse que, durante a tal reunião, ela fez isso por três vezes. Na terceira vez, ele teria empurrado a mão dela para baixo. A modelo, então, teria lhe desferido chutes. "Ela ainda tentou me dar um tapa na cara, mas segurei seu braço."

Em relação à gravação, o ator admitiu ser a sua voz, mas disse que a afirmação de que iria atirar objetos na mulher era apenas uma "metáfora". Disse que não tinha a intenção de ameaçá-la e que pediu desculpas quando percebeu que ela tinha ficado magoada.

Ao dizer que absolveu o ator por "falta de provas", o desembargador Laerte Marrone, relator do processo, afirmou que nenhuma testemunha presenciou o momento em que teria ocorrido a agressão. "Não se pode chegar a uma conclusão segura sobre qual teria sido o exato comportamento do réu", afirmou, mesmo admitindo que existam "fundadas suspeitas".

O desembargador cita que o policial miliar afirmou que nenhum dos dois apresentava lesão e que eles disseram que havia sido apenas uma discussão. Se ela tivesse marcas de agressões, disse, teria conduzido o ator à delegacia. "Ambos estavam tranquilos."

Sobre a gravação, o TJ considerou que, levando em conta o contexto de desgaste do relacionamento, a gravação, ainda "que grosseira e ofensiva", soa mais como uma "bravata do que como uma efetiva promessa de mal à ofendida". "Ainda mais a se considerar que o ator disse que gostaria de atirar uma pedra, uma cama e um abajur contra a vítima o que parece não poder ser considerado, no contexto da causa, como uma ameaça séria".

Ainda cabe recurso à decisão.

A coluna não conseguiu localizar a modelo para falar sobre a decisão.

O advogado Daniell Roriz, que representa o ator, enviou nota à coluna na qual afirma que o termo "ausência de provas", citada na absolvição, "se refere às provas infundadas". "O que há não indica crime", afirmou."

Na nota, em relação ao aúdio, o advogado disse que "todo elemento probatório não traduziu qualquer tipo de crime, e sim colocações inadequadas". "Ou seja, apesar do casal ter tido um comportamento questionável, as ofensas mútuas não se traduzem em crime, a luz da legislação brasileira. Moral e crime são condições diferentes."