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Rogério Gentile

REPORTAGEM

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Herdeiro do Fofão vai à Justiça contra McDonald's e Carreta Furacão

Integrantes do trenzinho Carreta Furacão, que virou fenômeno na internet - Pedro Gomes/Revide
Integrantes do trenzinho Carreta Furacão, que virou fenômeno na internet Imagem: Pedro Gomes/Revide

Colunista do UOL

18/04/2022 11h04

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A Justiça paulista analisa um processo no qual o herdeiro do humorista Orival Pessini (1944-2016) acusa o grupo de animação infantil Carreta Furacão e a rede McDonald´s de plágio.

Pessini criou na década de 80 o personagem Fofão que, com suas bochechas grandes, virou fenômeno televisivo no programa "Balão Mágico", da Rede Globo.

O processo foi aberto pela empresa Agência Artística, que representa os interesses de Pedro Vasen Pessini, filho do humorista. Na ação, a Carreta Furacão é acusada de usurpar a criação de Pessini ao explorar comercialmente um personagem chamado Fonfon, muito similar ao Fofão.

Por conta do sucesso na internet, a Carreta Furacão virou tema de documentário e acabou sendo contratada pelo McDonald´s para estrelar uma campanha publicitária lançada em setembro do ano passado.

"Fonfon é uma reprodução grotesca do Fofão, uma imitação dolosa da obra alheia", afirmou a defesa de Pedro e da Agência Artística à Justiça. "O próprio nome 'Fonfon' deixa clara a intenção de fazer referência ao original.''

A agência, que cobra uma indenização de R$ 500 mil, disse à Justiça que é difícil conceber que o Mc Donald´s não conhecesse a história do Fofão e que tenha acreditado que a Carreta Furacão fosse proprietária dos direitos autorais do personagem.

A Carreta Furação e o McDonald´s ainda não apresentaram defesa à Justiça. Procurado pela coluna, o grupo artístico não fez comentários sobre a acusação. Já a rede de restaurantes afirmou que ainda não foi citada oficialmente pela Justiça e que se manifestará nos autos do processo quando isso ocorrer.

Em um documento enviado à agência que representa o herdeiro, o Carreta Furacão disse que Fonfon é uma "paródia" de Fofão, e que isso não caracteriza violação de direitos autorais.

Afirmou que o grupo existe desde 2007 e que seus integrantes personificam de forma "caricata" figuras populares dos quadrinhos e da TV. "O Fonfon, diferentemente do Fofão, possuiu cabelos longos, pelos das mãos e pés vermelhos, pele branca e usa roupas extremamente coloridas."

A agência de Pessini declarou à Justiça que as modificações foram feitas "apenas para disfarçar o uso indevido da obra Fofão". "Trata-se de exploração comercial de um personagem sem autorização."

A Justiça paulista ainda não julgou o mérito do processo, mas concedeu uma liminar determinando a remoção dos vídeos do ar.

O juiz Thomaz Ferreira, no entanto, abriu a possibilidade de que as empresas continuem a explorar Fonfon pelo prazo de um ano ou até que o mérito seja julgado, desde que paguem um valor de R$ 40 mil cada para a agência do herdeiro, valor que deverá ser depositado em juízo.

Orival Pessini morreu em 2016 aos 72 anos, Além de Fofão, ele criou personagens como Patropi e Sócrates.