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Tales Faria

Temer aconselhou Bolsonaro a afastar Weintraub e evitar falas polêmicas

Após receber a faixa presidencial de Temer, Bolsonaro repetiu as palavras "ideologias", "ideologização" e a expressão "viés ideológico" pelo menos cinco vezes - Marcelo Camargo / Agência Brasil
Após receber a faixa presidencial de Temer, Bolsonaro repetiu as palavras "ideologias", "ideologização" e a expressão "viés ideológico" pelo menos cinco vezes Imagem: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Colunista do UOL

26/06/2020 17h47

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A nova versão "Jairzinho Paz e Amor" do presidente Jair Bolsonaro tem padrinhos. São conselheiros procurados pelo próprio presidente para tentar sair do labirinto político criado pela versão "Jairzão Valentão" que alimentou até agora o bolsonarismo.

Um dos seus principais conselheiros nas últimas semanas tem sido o ex-presidente Michel Temer. Bolsonaro enviou interlocutores ao emedebista para reabrir canais de diálogo.

Falaram-se por telefone no domingo retrasado, no meio da semana passada e no último domingo.

De um jeito bem Bolsonaro de ser, o presidente foi direto ao ponto. "Gostaria que desse umas ideias para diminuir as zonas de atrito da atual crise política e jurídica que o meu governo vem enfrentando", disse.

Temer, conhecido como um político que evita atritos, já vinha defendendo a unidade dos mais diversos setores para o enfrentamento da Covid-19. E foi exatamente por aí que começaram suas sugestões.

A primeira tentar acabar com as animosidades do Executivo com o Legislativo e o Judiciário..

No caso da Justiça, a paz só seria possível com a demissão do então ministro da Educação, Abraham Weintraub. Segundo o ex-presidente da República a exibição da fita em que Weintraub defendeu a prisão dos ministros do Supremo Tribuna Federal tornou sua permanência inaceitável.

Bem, Weintraub foi demitido.

No caso do Legislativo, Temer elogiou a aproximação com o centrão. Disse que todo presidente precisa de maioria no Congresso para governar. Mas recomendou também pôr fim às hostilidades ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O resultado é que nesta semana, em solenidade no Planalto com a presença de Maia, e dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e do STF, Dias Toffoli, Bolsonaro declarou que "o entendimento" entre os chefes de poderes aponta para "dias melhores" para o país.

Temer também tem falado de forma direta para o presidente. Disse que as declarações polêmicas na porta do Alvorada para grupos de militantes bolsonaristas, assistidas pela imprensa e que se tornaram um hbito no governo Bolsonaro´, também alimentavam a crise. O ex-presidente sugeriu que Bolsonaro evite entrevistas de improviso.

Também foi seguido pelo presidente, que desde então tem falado menos na entrada do Alvorada.

Os ex-presidentes têm uma virtude, que é a experiência, conhecem a liturgia do cargo, sabem o peso das declarações do mandatário da República.

A princípio, Bolsonaro parece estar seguindo o novo modelo.

Mas ainda não se ajustou ao figurino. Dá sinais de que está desconfortável em se conter. Resta ver se vai mesmo respirar novos ares, ou se isto é apenas uma fasezinha, tipo uma gripezinha passageira por conta da crise em que se meteu.