Aceno a armamentistas e antiabortistas mostra Bolsonaro buscando seu núcleo
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Convencido de que o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional querem derrubá-lo, o presidente Jair Bolsonaro se volta para a agenda de valores e costumes que o elegeu.
Bolsonaro sabe que, para manter seus apoiares, a única saída é ser cada vez mais Bolsonaro.
Na quinta-feira, na saída do Palácio da Alvorada, ele prometeu "novidades" nas regras de acesso a armas para a turma formada por "colecionadores, atiradores e caçadores" que atende pela sigla CACs, como ensinou o presidente aos frequentadores do cercadinho onde toda manhã ele vai colher aplausos.
Na mesma quinta, Bolsonaro determinou ao ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello, que demitisse dois servidores por causa da elaboração de uma nota que, na visão do ex-capitão, visaria à "legalização do aborto" (o texto, na verdade, tratava de outro assunto e, no trecho em que mencionava o aborto, afirmava falar da prática "nos termos previstos na lei").
Tanto o agrado aos armamentistas quanto o aceno ao público contrário à ampliação da lei do aborto foram devidamente propagandeados pelo presidente em suas redes sociais.
Bolsonaro, assombrado por fantasmas imaginários e acuado por investigações no STF e no TSE, refugia-se no seu núcleo duro — o bolsonarismo raiz, responsável pelos 30% de popularidade que nem as 30 mil mortes decorrentes da "gripezinha" do coronavírus, nem a demissão de Sérgio Moro e nem a entrega de cargos ao Centrão conseguiram abalar até agora.
A necessidade de continuar fidelizando seu núcleo de DNA olavista deve fazer com que, daqui para frente, a retórica sobre a defesa de Deus e da família — assim como as marteladas presidenciais no globalismo, no ambientalismo e nas causas das minorias— frequentem cada vez mais os tuítes e as falas de Bolsonaro. Mesmo porque o discurso da "caça aos corruptos" e da luta contra a "velha política" já não caem bem na boca do ex-capitão.
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