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Thaís Oyama

Para Planalto, Sara Winter é 'encrenqueira maluca', mas útil

A ativista Sara Winter  - Reprodução
A ativista Sara Winter Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

15/06/2020 13h56Atualizada em 15/06/2020 18h03

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A opinião de Jair Bolsonaro sobre Sara Winter não é original: para o presidente e seus assessores mais próximos, a ex-feminista, ex-anticristãos e ex-crítica do Big Brother Brasil transmutada em antifeminista, cristã de carteirinha e candidata a uma vaga no Big Brother Brasil é uma maluca encrenqueira.

A bolsonarista Sara Winter acaba de ser presa de maneira provisória por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes, e o comentário que mais se ouvia nesta manhã no Palácio do Planalto é de que ela finalmente havia conseguido o que queria.

Enviados especiais do presidente Bolsonaro visitaram há algumas semanas o acampamento na praça dos Três Poderes instalado pelo movimento "300 do Brasil", de que Sara se diz uma das líderes. Saíram de lá chamando os seus integrantes de "300 candidatos do Brasil".
O relatório feito ao presidente é de que estavam no local pessoas com convicções de direita e simpatia pelo governo, mas interessadas sobretudo em alavancar-se para as próximas eleições.

Sara Winter tentou uma vaga de deputada federal em 2018 pelo DEM. Teve 17.246 votos, não se elegeu e no início da semana foi expulsa do partido por "desrespeitar a democracia e flertar com tendências inaceitáveis", segundo afirmou ACM Neto, presidente da sigla.

Sara "Winter", nascida Giromini, é uma franco-atiradora com um vasto currículo de confusões. Mas não se ouvirá do governo nenhuma palavra dura contra ela.

A ativista, segundo um aliado do presidente, "fala com a galera da direita" —o núcleo duro do bolsonarismo, para o qual o governo pode deixar sair Sergio Moro e pode deixar entrar o Centrão— e só não pode abrir a porta para a esquerda e nem, como dizia a música de Tim Maia, deixar "dançar homem com homem e nem mulher com mulher".

Na guerra de costumes do bolsonarismo, Sara Winter é uma das lanceiras, e Bolsonaro —em crise de popularidade, com apoio instável no Congresso e acuado por processos na Justiça— não pode se dar ao luxo de dispensar nem os seus malucos.