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Thaís Oyama

Nas cordas, Guedes foi se socorrer junto a quem conhece, o mercado

Paulo Guedes: gritos de alerta - ADRIANO MACHADO
Paulo Guedes: gritos de alerta Imagem: ADRIANO MACHADO

Colunista do UOL

12/08/2020 18h41

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"Debandada", risco de "impeachment fiscal" e conselheiros fura-teto atazanando os ouvidos do presidente.

Tudo isso disse o ministro Paulo Guedes em alto e bom som, no que foi corretamente interpretado como um recado para o próprio chefe, o presidente Jair Bolsonaro.

Mas não só. Ao dizer o que disse, o ministro da Economia tentou socorrer-se junto àqueles a quem ele conhece bem, os agentes do mercado financeiro.

E eles não decepcionaram: diante dos gritos de alarme do titular da Economia, a bolsa afundou, os juros futuros dispararam e o dólar chegou perto dos 5,50 reais.

A jogada produziu o efeito desejado.

Por duas semanas o teto de gastos ficou sob ataque no Congresso e no governo sem que ninguém da base aliada ou de outro ministério que não o de Guedes viesse a público defendê-lo.

Depois do pequeno e calculado escândalo do ministro saíram da toca não apenas o vice Hamilton Mourão como o próprio Bolsonaro.

O presidente publicou um tuíte afirmando que o teto de gastos e a responsabilidade fiscal continuam sendo o norte do governo.

Com isso, deu a entender que no braço-de-ferro entre os fura-teto e os defensores do teto, está - por ora— com os últimos.

Os mais otimistas viram na manifestação do presidente uma "blessing in disguise", a expressão inglesa que indica a ocorrência de algo bom (uma "bênção") em meio à desgraça.

Mais seguro seria dizer que a política fiscal de Paulo Guedes ganhou um fôlego, assim como ele próprio.

Desta vez, o ministro se limitou a gritar que a casa estava caindo.

Mais para frente, se o teto desabar, só lhe restará duas opções: deixar-se soterrar ou sair correndo.