Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Salve-se quem puder: Bolsonaro está convencido de que é a voz do povo
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A maioria dos brasileiros (61%) apoia a ideia de o presidente Jair Bolsonaro interferir na Petrobras para baixar o preço da gasolina.
Pesquisa divulgada hoje pela revista Exame, feita em parceria com o instituto Ideia Big Data, mostrou ainda que a rasteira dada pelo ex-capitão na petroleira, cujo presidente ele mandou degolar por ter reajustado o valor dos combustíveis, tende a aumentar a sua popularidade junto a apoiadores.
Entre bolsonaristas, é de 74% a parcela de entrevistados que diz concordar com a interferência presidencial que derrubou as ações da Petrobras e fez despencar todos os índices de confiança no Brasil.
Bolsonaro vai se entusiasmando com a ideia de que é a voz do povo —e de que o "povo" está com ele.
Ontem, disse que o governo deve fechar em 250 reais o valor da nova rodada do auxílio emergencial. Paulo Guedes queria 200 reais. Mas o ministro da Economia parece estar se acostumando a perder.
Guedes ainda tenta fincar o pé na determinação de só encaminhar ao Congresso a proposta da nova rodada de auxílio depois da aprovação da PEC emergencial.
Essa PEC (Proposta de Emenda Constitucional) tem duas frentes principais: a primeira cria um mecanismo permanente de liberação de gastos em casos de situações de calamidade. E a segunda projeta um arcabouço fiscal que tem como propósito enfrentar essas calamidades sem trazer incertezas jurídicas sobre a manutenção do teto de gastos.
Só que a votação da PEC já foi adiada para março e, pelo andar da carruagem, o risco é de que se configure o que, para a equipe econômica, seria o pior dos mundos: seu desmembramento em duas partes, com a aprovação do mecanismo para a liberação de gastos, mas o adiamento da votação do aperfeiçoamento do arcabouço fiscal. Essa segunda parte ficaria para as calendas, deixando pelo caminho um rastro de incertezas fiscais.
Se isso ocorrer, o golpe pode ser fatal para o já combalido, desgastado e desmoralizado Paulo Guedes.
Seu chefe, no entanto, não sentirá o baque. Os números que interessam hoje a Jair Bolsonaro são outros.
O Palácio do Planalto monitora dia a dia as pesquisas de opinião e constata o óbvio: a popularidade do presidente sobe quanto mais ele gasta e manda "o pessoal do lucro que não tem coração" baixar preços.
O populismo pressupõe a eliminação de qualquer complexidade, incluindo as econômicas.
Nele, Bolsonaro achou o seu atalho: ele é o povo e não hesitará em fazer qualquer coisa para o "povo" continuar com ele.
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