Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Jair Bolsonaro, o "motorista de táxi", agora espera um milagre
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Em janeiro de 2019, empresários comemoravam a eleição de Jair Bolsonaro em um restaurante em São Paulo quando um ex-presidente de banco, vendo o que considerou excesso de otimismo na mesa, alertou:
"Calma, pessoal. Bolsonaro não é um Churchill nem um Reagan. Nós elegemos um motorista de táxi" (o ex-presidente de banco, como seus amigos, havia votado no "motorista de táxi", o que o alivia de acusações de má vontade para com a categoria).
Passados dois anos e dois meses, a ironia do rico eleitor de Bolsonaro faria saltarem do túmulo tanto o ex-premiê britânico, salvador da Europa, quanto o ex-presidente dos Estados Unidos, libertador da economia americana.
Até o momento, as consequências funestas das manobras de Bolsonaro para baixar na marra os preços do diesel, e manter à força a sua popularidade, incluem uma fuga de capital da ordem de 6,7 bilhões de reais na Bolsa de Valores, a subida de 22% do risco país e a escalada furiosa dos juros futuros.
Mas há números piores. Segundo dados divulgados ontem pela Organização Mundial de Saúde, enquanto as mortes por covid-19 nos outros países recuam 6%, no Brasil elas registram um salto de 11%.
Hoje, o Brasil é responsável por mais de 12% dos mortos pela doença no mundo. No continente americano, de cada quatro mortos, um é brasileiro.
Enquanto isso, o presidente envia a Israel uma comitiva para buscar o que acredita ser seu pote de ouro no fim do arco-íris.
Um spray que ele diz não sabe direito o que é, mas que "parece um produto milagroso" (o spray nasal EXO-CD24, que diminuiria a espiral inflamatória causada pela covid-19, está na fase 1 de pesquisas no Centro Médico Ichilov, de Tel Aviv, o que significa que está sendo testado em um número ínfimo de pessoas apenas para aferir sua toxidade — a léguas, portanto, de ter a eficácia comprovada).
O Brasil hoje registra o maior recuo do PIB de sua história.
A Faria Lima cai do cavalo.
O país atrai a piedade do mundo.
E os motoristas de táxi se alinham a Churchill e Reagan, indignados por serem comparados ao presidente da República do Brasil.
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