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Thaís Oyama

REPORTAGEM

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Governo dirá que ação da Abin foi "legal"; Heleno, se convocado, tende a ir

O general Heleno, chefe do GSI: diferente de Pazuello  - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
O general Heleno, chefe do GSI: diferente de Pazuello Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL

07/05/2021 10h05

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Nesta semana, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, a Abin enviou a agentes de inteligência de todo o país uma "demanda urgente" visando a coleta de dados com potencial comprometedor para adversários de Bolsonaro na CPI da Covid. A mensagem, enviada por Whatspp, foi revelada hoje pela revista Crusoé.

O governo reagirá à notícia dizendo que a medida foi uma "ação legal e prevista nas atribuições da agência".

A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) é responsável por fornecer ao presidente da República, e também aos seus ministros, "informações e análises estratégicas, oportunas e confiáveis, necessárias ao processo de decisão".

Assim, o governo classificará de "política" qualquer crítica à requisição de dados feita pela agência. E chamará atenção para o fato de a mensagem da Abin ter deixado claro que as informações solicitadas ("irregularidades relacionadas á pandemia", em "âmbito estadual e municipal") deveriam ser colhidas em "fontes abertas", ou seja, públicas e não sigilosas.

Sendo a Abin subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), por sua vez comandado pelo ministro Augusto Heleno, que é o general mais próximo do presidente no Palácio do Planalto, é provável que a oposição cogite a convocação do militar na CPI da Covid.

Nesse caso, interlocutores do general têm uma certeza: Heleno não repetirá o gesto de seu colega de farda, Eduardo Pazuello que, convocado pela comissão, escapou do depoimento desta semana alegando contato com suspeitos de contaminação pelo coronavírus.

"O Heleno vai querer ir para o pau", diz um assessor palaciano. O chefe do GSI compartilha com o presidente Bolsonaro um desapreço especial pelo relator da CPI, o senador Renan Calheiros.