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Thaís Oyama

REPORTAGEM

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Gestão da pandemia faz Bolsonaro encerrar 2021 pior que FHC, Lula e Dilma

O presidente Jair Bolsonaro: régua de 2022 será a economia -                                 ALAN SANTOS/PR
O presidente Jair Bolsonaro: régua de 2022 será a economia Imagem: ALAN SANTOS/PR

Colunista do UOL

27/12/2021 09h11Atualizada em 27/12/2021 16h30

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Jair Bolsonaro termina 2021 rastejando no patamar de 20% de aprovação popular, índice pior do que os que tinham os ex-presidentes FHC, Lula e Dilma à mesma altura do primeiro mandato.

A superposição dos gráficos de popularidade feitos por diversos institutos de pesquisa ao longo dos últimos dois anos atesta que a forma como Bolsonaro lidou com a pandemia de coronavírus foi determinante para fazê-lo amargar esse inédito grau de insatisfação popular.

Agregadores de pesquisa mostram que a aprovação do presidente, que começou em cerca de 50% no início do seu governo, despencou para perto de 30% logo nos primeiros meses de 2019 e estabilizou-se em torno disso até março de 2020 — quando veio a pandemia.

Naquele momento, a aprovação de Bolsonaro sofreu a sua primeira queda acentuada, mas tornou a subir no fim do primeiro semestre de 2020 para dar início a uma trajetória oscilante que durou até abril de 2021.

Foi a partir daí — quando começou a amplamente repercutida e televisionada CPI da Covid— que o ex-capitão passou a descer a ladeira de verdade.

Desde então, não mais se recuperou.

Se, como mostram os agregadores de pesquisa, a má gestão da pandemia foi crucial para a degradação da imagem de Bolsonaro em 2021, a economia será a sua régua em 2022.

Do ponto de vista do mercado, investidores já engoliram o calote dos precatórios, o rombo no teto de gastos e até se resignaram com o que consideram ser o "novo patamar" do câmbio, o dólar a R$ 5,70.

Temem, contudo, que os ímpetos eleitoreiros de Bolsonaro, somados à pusilanimidade do ministro Paulo Guedes, resultem no que agentes do mercado enxergam como o mais sombrio dos horizontes — o surgimento de pedidos, a torto e a direito, de crédito extraordinário por parte do governo (por lei, os créditos extraordinários abertos por meio de medidas provisórias têm de se destinar exclusivamente a despesas imprevisíveis e urgentes, como, por exemplo, situações de calamidade pública).

Já do ponto de vista de que tem pouco ou nada para investir, Bolsonaro terá que fazer mais do que aplacar desconfianças, caso queira segurar sua vaga no segundo turno das eleições.

Hoje, segundo o Datafolha, 26% dos brasileiros dizem não conseguir alimentar direito as suas famílias. E contra a fome, até o ex-capitão sabe, não há retórica patriótica, gesto de arminha ou "mitada" que dê conta.