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Notícia de que Bolsonaro mudará imagem da padroeira do Brasil é falsa

Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Do UOL, em São Paulo

16/10/2018 18h09

É falsa a publicação compartilhada no WhatsApp e no Facebook afirmando que o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) mudará a imagem de Nossa Senhora Aparecida e tirá-la do posto de padroeira do Brasil em troca do apoio do líder da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, no segundo turno da eleição ao Palácio do Planalto.

Bolsonaro não apoiou projeto de lei que propunha a alteração do termo “padroeira do Brasil” atribuído a Nossa Senhora Aparecida. Não há nada sobre o tema em seu plano de governo. Além disso, a assessoria de imprensa da igreja e o filho do candidato, Eduardo Bolsonaro, desmentiram a informação.

Para fazer a verificação, o Comprova pesquisou informações no site da Câmara dos Deputados e entrou em contato com as assessorias de imprensa de Bolsonaro e Edir Macedo.

Há duas versões do boato. Uma delas é uma montagem que usa uma página falsa do jornal “Folha de S.Paulo”. O boato diz que a alteração seria motivada pelo “tom de pele” escuro da santa. A “Folha” negou que a reportagem tenha sido publicada no site e afirmou que se tratava de uma montagem.

A segunda versão diz que Bolsonaro e seu filho, o também deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), assinaram o projeto de lei 2623, de 2007, que sugeria a alteração do termo “padroeira do Brasil” para “padroeira dos brasileiros católicos apostólicos romanos”.

De fato, o projeto de lei existe, mas é de autoria do ex-deputado federal Victorio Galli, que à época era do MDB e hoje é do PSL, partido de Bolsonaro. Mas a proposta foi arquivada em 2008 na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados e não poderá ser desarquivada no próximo ano porque o autor não foi reeleito.

Eduardo Bolsonaro publicou um vídeo no Facebook, que foi compartilhado na página do presidenciável, desmentindo a informação. “O projeto é de 2007 e foi apreciado em 2008. Nessa época eu sequer era deputado. A minha eleição foi em 2014. Além disso, não existe assinatura do Jair Bolsonaro apoiando esse projeto em lugar nenhum. Esse projeto foi sepultado na comissão da educação por unanimidade”, diz.

O texto do boato também afirma que o suposto apoio de Bolsonaro ao projeto foi uma “moeda de troca” para ele conseguir apoio de Edir Macedo, que também teria pedido a implantação do “ensino evangélico a todas as crianças, a partir da creche, em janeiro de 2020”. Embora Macedo tenha, de fato, anunciado apoio ao candidato do PSL, não há fonte que confirme a informação sobre a "moeda de troca". Por meio de nota divulgada no site da Igreja Universal, o bispo negou a informação.

“Nem o bispo Edir Macedo, nem a Igreja Universal do Reino de Deus tem qualquer relação com esse projeto de lei”, diz o texto. “Já sobre a fake news do ensino religioso nas escolas públicas, a Universal defendeu exatamente o contrário em audiência pública no STF (Supremo Tribunal Federal): a Igreja apoia o ensino religioso não confessional, que deve ser facultativo, com professores qualificados para tal. ‘O ensino deve ser sobre religião, e não da religião’, afirmou o representante da Universal durante a audiência”, conclui a nota.

A montagem do site da “Folha” chegou ao WhatsApp do Comprova (11-97795-0022). Já o segundo boato foi compartilhado no Facebook do empresário e escritor Alberto Carlos Almeida.

O “Boatos.org” já havia desmentido o boato.

Agora o material enganoso foi verificado pela rádio “BandNews  FM” e pelo jornal “O Povo”, além da “Folha de S.Paulo”, do UOL, da revista “piauí”, do “Jornal do Commercio”, revista “Veja” e “Gazeta Online", todos integrantes do projeto Comprova.

O Comprova é um projeto integrado por 40 veículos de imprensa brasileiros que descobre, investiga e explica informações suspeitas sobre políticas públicas, eleições presidenciais e a pandemia de covid-19 compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens. Envie sua sugestão de verificação pelo WhatsApp no número 11 97045 4984.