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Passagem grátis, kit de Natal: ofertas de final de ano são verdadeiras?

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Imagem: Arte UOL

Lucas Borges Teixeira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/11/2017 04h00

Se o final de ano é associado a compras e promoções, é nesta época que você deve aumentar o cuidado com os tipos de ofertas que encontrar por aí – especialmente quando se trata de mensagens via aplicativos e redes sociais.

Com a proximidade das festas de fim de ano, aumentou a quantidade de diversas mensagens pelo WhatsApp com supostas promoções. Com nome de grandes empresas nacionais, estas correntes oferecem algo tentador em tempos de crise: serviços ou produtos de graça. Para isso, bastaria fazer um cadastro.

Das três principais que circularam neste mês, duas são de companhias aéreas. Uma delas envolve uma data comemorativa da Latam. “Hey, a companhia aérea de Latam está dando 2 ingressos grátis para todos! no 41º aniversário!”, diz a corrente.

Mensagem semelhante circulou pouco depois com o nome da concorrente Gol. “Pessoal, a Gol está dando passagens grátis nesse final de ano, corre que a promoção vai durar pouco tempo!”, diz o texto. Em ambos os casos, para ganhar os bilhetes, o cliente deveria apenas preencher um cadastro em sites que supostamente pertencem às companhias.

FALSO: Empresas divulgam em canais oficiais, não em correntes 

Em notas enviadas à reportagem, as duas empresas negaram a existência de promoções deste tipo. “A Gol orienta seus clientes a não clicarem em mensagens de origem duvidosa, fora do padrão, com erros de ortografia, ofertas de prêmios em milhas e, principalmente, pedindo a confirmação de dados cadastrais”, afirmou a companhia. “Em caso de dúvidas, o ideal é procurar imediatamente a Central de Atendimento.”

A Latam também negou participação nas correntes: “A companhia reforça que todas suas campanhas, ofertas e promoções são divulgadas exclusivamente nos canais oficiais da companhia”.

Mas não é só neste setor que há falsas correntes do tipo. Entre o início e o meio de novembro, O Boticário foi alvo de duas correntes que prometiam produtos de graça: primeiro um Kit de Natal, depois lápis delineador Make B. Mais uma vez, o interessado precisaria apenas se cadastrar em um site.

A empresa negou as correntes em uma publicação no Facebook na última quinta-feira (16). “Ei! Fiquem ligados: o vale presente de um kit de Natal que está circulando no WhatsApp, em nosso nome, é falso! Nós não divulgamos campanhas e promoções pelo WhatsApp”, afirma a companhia. “Para conferir nossas promos, é só acompanhar nossas redes sociais oficiais.”

Algumas empresas, claro, podem vir a criar promoções em que dão produtos - e divulgar o ato em correntes de WhatsApp (em setembro, o aplicativocomeçou a testar um recurso voltado para negócios no Brasil). Mas o que a reportagem apurou é que o caminho adotado para qualquer promoção são os canais oficiais das empresas, divulgados em seus sites oficiais.

“Fraude cada vez mais comum”

De acordo com Marco Ribeiro, sócio-diretor da área de Segurança Digital na consultoria Protiviti, os golpes digitais têm migrado cada vez mais da internet física (via e-mail) para o celular (via redes sociais e apps de mensagem).

“Hoje, este tipo de fraude é cada vez mais comum porque as pessoas usam mais o celular”, afirma o especialista. “Já vimos muitos ataques que pedem o registro de dados do usuário e o futuro é que isso aumente no mobile.”

Ribeiro explica que há dois tipos de golpe por meio da captação de dados, como no caso destas correntes: um que afeta financeiramente o usuário e outro que não. O primeiro é o clássico uso dos dados, como CPF e número de cartão de crédito, para fazer compras em nome da vítima.

Já o segundo, mais recente, não precisa dos dados do cartão, mas de informações cadastrais, como e-mail, data de nascimento e CPF. “Neste caso, os fraudadores têm outras finalidades, como roubar milhas das vítimas”, revela Ribeiro. “Eles pegam os dados, usam as milhas e, quando a vítima notar, meses depois, vai acionar a companhia e esta, sim, terá de arcar com o prejuízo. Quem fez a fraude sai ileso porque tudo saiu no nome do usuário.”

Como prevenir

O especialista sugere algumas dicas para tomar cuidado na hora de ver promoções pela internet.

“O maior padrão é que as fraudes geralmente oferecem ofertas inacreditáveis. No caso da Gol, o final do ano é a época mais movimentada de viagem, seria inviável economicamente para a empresa ficar oferecendo passagens gratuitas”, argumenta Ribeiro. “Então, se a promoção parece impossível de ser verdade, é porque é mentira.”

Outro ponto importante é ver se você tem algum relacionamento com a companhia. “Se sou cliente fiel, tenho algum plano de pontos com esta empresa, é mais comum que ela vá me oferecer vantagens”, afirma o especialista. “Mas se eu não tenho cadastro, nunca fiz compra, por que chegaria até mim?”

O canal usado também é importante. Como as companhias destacaram, é preciso ver o padrão que as empresas usam para divulgar suas promoções – e geralmente não será via WhatsApp. “Se você gostou do que ofereceram, não clique no link, vá ao seu computador e procure pelos canais oficiais da empresa”, indica Ribeiro.

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Black Friday

O especialista comenta ainda que é importante ficar de olho neste tipo de fraude com a chegada da Black Friday, dia de promoções celebrado na última sexta-feira de novembro (neste ano, dia 24).

“A Black Friday potencializa [o número de fraudes] porque as pessoas já estão atentas, esperando por promoções”, explica o especialista. “Neste caso, é preciso ter senso crítico: se alguém está oferecendo uma televisão de R$ 5.000 por apenas R$ 1.000, é bom pensar ‘será que é verdade?’.”

Diversos sites suspeitos enviam promoções tanto por e-mail quanto por redes sociais e apps de mensagem. “Se você recebeu a promoção de um site que não conhece, procure por referências dele na internet”, indica Ribeiro.

O Procon de São Paulo tem uma lista de sites com alto número de reclamações por parte dos usuários (http://sistemas.procon.sp.gov.br/evitesite/list/evitesites.php). Também é possível pesquisar por empresas na Ebit (https://www.ebit.com.br/) e no Reclame Aqui (https://www.reclameaqui.com.br/), que medem reputação de lojas e empresas.

A quem recorrer

Quem for lesado por um golpe via internet ou celular pode recorrer a delegacias especializadas em crimes virtuais, espalhadas por todo território nacional. Como em um crime no meio físico, a vítima registra um boletim de ocorrência.

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