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No Rio, 275 foliões são presos por urinar na rua no Carnaval

Fabíola Ortiz<br>Especial para o UOL Notícias<br>No Rio de Janeiro

09/03/2011 13h50

A operação Choque de Ordem prendeu, desde sexta-feira (4) de Carnaval, 275 pessoas flagradas urinando nas ruas do Rio de Janeiro, segundo boletins divulgados pela Seop (Secretaria Especial da Ordem Pública) da cidade.

Apenas nesta terça-feira (8), 30 “mijões” foram detidos no bloco das Carmelitas, em Santa Teresa, que reuniu cerca dez mil foliões no Largo dos Guimarães, segundo estimativa da Polícia Militar. Outros 32 foliões foram presos na Banda de Ipanema no início da noite. Na segunda-feira (7), no bloco Afroreagge, 44 foliões foram flagrados urinando.

Mais banheiros

Desde 12 de fevereiro, quando cerca de dois mil agentes da Seop começaram a fiscalização do Choque de Ordem, um total de 671 "mijões" (sendo 18 mulheres e seis estrangeiros) foram levados para a delegacia.

Segundo Alex Costa, secretário municipal de Ordem Pública, "não há mais desculpa de que faltam banheiros". Este ano, a prefeitura disponibilizou o triplo de banheiros químicos na comparação com o Carnaval passado: foram 13 mil, contra 4.200 mil de 2010.

Alex Costa afirmou ao UOL Notícias no sábado (5) que os mijões são o principal problema do Carnaval de rua do Rio de Janeiro. “Os mijões e a falta de educação ainda são um problema. A gente está fiscalizando duramente”, declarou.

No Carnaval 2010, o total de foliões detidos foi de 360 foliões (treze mulheres e nove estrangeiros).

Contudo, há foliões que reclamam da pouca quantidade de banheiros químicos disponibilizados e do mau cheiro.

“Eu não usei banheiro químicos. Tinha muita gente na fila e os banheiros estavam nojentos. Precisava ter mais banheiros”, disse a foliã Letícia André de Oliveira, de 25 anos, que foi a cinco blocos de rua no Rio. Entre eles, o Rio Maracatu na Lapa; o Céu na Terra, em Santa Teresa; e o Boitatá na Praça XV, no centro – blocos que tradicionalmente reúnem milhares foliões.

A foliã Marcia Lima, de 39 anos, também criticou a dificuldade de encontrar banheiros nos grandes blocos e reclamou do estado deles.

“Tinha filas gigantes, era impossível. Na Orquestra Voadora, no Flamengo, não havia banheiro nenhum. Lá, eu vi gente fazendo xixi na rua. Eu dei sorte porque caminhei pela Lapa e paguei R$1 para fazer xixi na casa de uma senhora”.

Márcia estava com um grupo de oito amigos e disse que, apesar do medo de ser detida, ela também urinou na rua.

“Não só eu vi gente fazendo xixi, como eu também fiz na avenida Chile. Com certeza eu tinha medo do Choque de Ordem, inclusive, fazer xixi é contra os meus princípios, mas às vezes é inviável segurar”, contou.

Ato obsceno

Segundo o inspetor Nunes, da 14ª DP no Leblon, os detidos flagrados urinando nas ruas são levados à delegacia mais próxima, são registrados e depois liberados.

Os detidos respondem em liberdade, mas terão que comparecer no Juizado Especial Criminal (Jecrim). Segundo o UOL Notícias apurou, urinar nas ruas não é crime, mas a prática pode ser enquadrada como ato obsceno (artigo 233), do Código Penal, com pena que pode variar de três meses a um ano de detenção.

A justiça ainda analisará se o ato foi feito num contexto de ato violento ao pudor (despir-se mostrando órgão genital) ou num ato obsceno (mostrar órgão genital a uma determinada pessoa em vias públicas).

Lixo

Após a última noite de desfiles do grupo especial das escolas de samba na Marquês de Sapucaí, 164 garis retiraram 110,3 toneladas de lixo, segundo a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana).

O total de resíduos removidos do Sambódromo, após os desfiles de sexta-feira (4), sábado, domingo e segunda-feira (7) é de 408,3 toneladas.

Cerca de 130 garis já prepararam o Sambódromo para a apuração que ocorre hoje (9) a partir das 16h.

Depois da revelação da escola campeã, 132 garis serão mobilizados para limpar o local. O desfile das campeãs, no próximo sábado (12), também terá um esquema especial com mais de 100 garis fazendo uma limpeza detalhada para preparar a avenida.