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Considerado o pior do país, aeroporto de Goiânia vai receber "puxadinho"

Rafhael Borges<br>Especial para o UOL Notícias

Em Goiânia

19/04/2011 07h02

O aeroporto de Goiânia, considerado um dos piores do país, vai ganhar um “puxadinho” nos próximos meses. Com o nome oficial de Módulo Operacional Provisório, o espaço deve aumentar em quatro vezes a área de embarque do aeroporto Santa Genoveva, que hoje é de 400 m². A intenção é dar mais conforto aos passageiros enquanto a construção do novo terminal não fica pronta.

As obras no local estão paralisadas desde 2007, sob suspeita de fraude na licitação, e não há data para serem recomeçadas. André Luiz Marques, da gerência da Infraero (estatal que administra os aeroportos), espera que o "puxadinho" fique pronto, no máximo, em 180 dias. A expectativa é que o novo local custe cerca de R$ 2 milhões.

Segundo Marques, não há mais espaço no aeroporto para abrigar a quantidade de passageiros que passam por Goiânia. “Nem mesmo quem trabalha na área administrativa ou coordena as normas da aviação civil possuem condições de desempenhar suas funções. O que falta é espaço.” O aeroporto recebe mais de 2 milhões de passageiros por ano.

As reclamações dos usuários incluem a falta de vagas no estacionamento, espaço para passageiros, e até bancos para aguardar os voos. Anselmo Parreira, servidor público, diz que não dá para esperar mais. "Estamos sempre desconfortáveis, sem lugar para sentar, e nem mesmo espaço para estacionar o carro quando temos de buscar ou trazer alguém", reclama.

Goiânia não está na lista de cidades que vão receber jogos da Copa de 2014. “Acho que em relação a Goiânia ser subsede não há mais possibilidade; a não ser que alguma cidade não atenda aos requisitos da Fifa ou desista, o que é muito remoto”, disse o governador Marconi Perillo (PSDB), afirmando que não acredita ser a obra do aeroporto uma das responsáveis pelo fato.

Pior do Brasil, segundo passageiros

O aeroporto de Goiânia é considerado pela Infraero um dos piores do país, mas uma pesquisa feita pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) aponta que os passageiros consideram o local o pior do país. A avaliação levou em conta 16 itens e foi realizada nos 22 maiores aeroportos do Brasil. Em uma escala de 0 a 10, o terminal goiano ficou com nota 2,3.

Histórico

O terminal de Goiânia atual foi construído em 1955, e tem capacidade para atender 600 mil pessoas. Desde 2007, quando as obras do novo terminal foram paralisadas, o aeroporto passou apenas por obras de manutenção.  

A obra foi iniciada e barrada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) por suspeitas de irregularidades na licitação. O tribunal, que é responsável pela fiscalização das obras federais, levantou uma série de problemas no contrato das obras em Goiânia, entre eles suspeitas de superfaturamento. Os acusados alegaram que cumpriram o que estava no edital de licitação.

A obra vinha sendo executada por um consórcio formado pela Via Engenharia e Odebrecht. Depois da contestação e da determinação do TCU para suspensão das obras, outro motivo para o longo atraso foi a contestação judicial das empresas contra a Infraero. Posteriormente, o Ministério da Defesa decidiu cancelar todos os contratos de aeroportos sob suspeita.

O primeiro processo licitatório começou em 2002. Após algumas suspensões, o consórcio formado pela Odebrecht e a Via Engenharia prosseguiu os trabalhos até abril de 2007. 

Situação atual

Com a obra já fora da relação suspeita do TCU, foi publicado o edital de licitação para selecionar a empresa que se encarregará pelo projeto de construção do aeroporto. A Infraero quer receber até o dia 17 de maio as primeiras propostas.

O projeto deverá ter valor máximo de R$ 4,07 milhões sendo que, pelo edital, neste ano devem ser gastos R$ 815,2 mil e no ano que vem o restante do dinheiro, R$ 3,2 milhões. A empresa selecionada fará os estudos preliminares e o projeto de execução das obras.

De acordo com a Infraero, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo (USP) foi contratado para analisar a infraestrutura atual do aeroporto e definir o que pode ser aproveitado nas obras.