Topo

"Não vou desistir por causa de um grupo de ignorantes", diz modelo brasileira que sofreu racismo na internet

Maurício Simionato<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Campinas (SP)

20/07/2011 21h12

A modelo brasileira Silvia Novais, 24, vencedora do concurso Miss Itália no Mundo 2011 –disputado por descendente de italianos–, sofreu ataques racistas na internet após ganhar o prêmio, no início deste mês.

Nas últimas semanas, foram publicados comentários sobre ela em sites com conteúdo neonazista: “A negra nojenta não pode ser italiana, talvez ela tenha um avô do avô do avô italiano?”; “Isso é beleza italiana? Se fosse na Roma antiga, essa 'italianinha' seria uma criada de Nero!”.

Em entrevista ao UOL Notícias, Silvia disse que não pretende processar ninguém e que vai trabalhar ainda mais para conquistar seu espaço como modelo. “Quero dizer para eles [grupos racistas] que não vou desistir. Vou continuar trabalhando e ser feliz”, disse ela, que tem 1,77m e 55 kg.

Silvia, que disputou o concurso com 39 candidatas, na cidade de Reggio (Calábria), contou que o seu bisavô materno nasceu em Florença, na Itália. 

“Acho que o racismo é fruto da ignorância de algumas pessoas. É um absurdo existir este tipo de manifestação em pleno século 21”, disse a modelo, que é baiana e mora em Campinas (SP).

Formada em educação física, a modelo foi eleita em 2009 Miss Campinas e depois Miss São Paulo.

Ela disse que esta não foi a primeira vez que sofreu preconceito por ser negra. “Já sofri preconceito em outras ocasiões, quando fui eleita Miss Campinas e também quando fui eleita Miss São Paulo”, afirmou. No entanto, Silvia conta que as manifestações de grupos de intolerância racial sempre ocorreram só pela internet.

“Nunca sofri racismo com a pessoa cara-a-cara comigo. Sempre foi pela internet. Nos lugares onde minhas fotos eram publicadas apareciam comentários racistas”, relatou a modelo.

Filha de negra com pai branco, a modelo disse que tem orgulho de ser negra. “É claro que fiquei triste com os comentários, mas meu foco é continuar a trabalhar como modelo. Não vou desistir por causa de um grupo de ignorantes”, alegou.

“Conversei com meu advogado e ele me apoiou na minha decisão de não processar ninguém e nem os sites que publicaram os comentários racistas. Acho que não vale a pena. O melhor jeito de lutar contra isso é batalhar e conquistar o meu espaço”, finalizou.