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PF prende três suspeitos de envolvimento na morte de líder indígena

Celso Bejarano

Do UOL Notícias, em Campo Grande

30/11/2011 22h38

A Justiça decretou nesta quarta-feira (30) a prisão temporária de três homens por suposta ligação com o desaparecimento do cacique guarani-caiová Nísio Gomes, 59, ocorrido há 12 dias. O índio morava no acampamento Guaiviry, na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai e, segundo os índios, ele teria sido morto a tiros por supostos pistoleiros e o corpo, levado em uma caminhonete. A disputa por terras teria motivado o crime.

As prisões foram confirmadas ao UOL Notícias pela assessoria de imprensa da Polícia Federal em Ponta Porã, onde os suspeitos prestam depoimentos.

A PF trabalha com a hipótese de assassinato, mas as investigações apontam que o líder indígena foi levado vivo do acampamento. Segundo a PF, sete homens invadiram o local e dispararam tiros de borracha contra três índios, um deles o cacique, que é o único desaparecido.

Já os relatos dos índios que habitam o Guaiviry dão conta que o líder indígena morreu após ser baleado e seu corpo foi arrastado até o veículo.

Ainda segundo a assessoria da PF, após os depoimentos dos detidos, os investigadores do caso –três delegados agem na apuração– farão diligências na fronteira ainda nesta noite.

Por determinação do Ministério da Justiça, um grupo da Força Nacional cuida da segurança dos índios que foram atacados. A medida prevê a permanência da unidade na fronteira por 90 dias.

Disputa antiga

De 2008 para cá os guaranis-caiovás ocuparam ao menos três vezes a entrada da fazenda Aurora, onde montaram o acampamento Guaivy, localizado entre as cidades de Amambai e Aral Moreira.

A dona da área mora em Brasília e a terra foi arrendada a um agricultor que diz ter plantado cerca de 120 hectares de soja no local. A fazendeira afirma ainda que herdou a propriedade da avó, que possuía a fazenda desde 1923.

Antes disso, contudo, os índios garantem que já habitavam a fazenda. A Funai faz um estudo de demarcação da área e o desfecho da pesquisa deve ficar pronto no início do ano que vem.