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Caso de menina que sumiu após sair de sex shop entra em segredo de Justiça em Cuiabá

Maiana fotografa a si própria, diante do espelho; jovem está desaparecida desde 21 de dezembro - Álbum de família
Maiana fotografa a si própria, diante do espelho; jovem está desaparecida desde 21 de dezembro Imagem: Álbum de família

Jorge Estevão

Do UOL, em Cuiabá

12/01/2012 12h03

A juíza Maria Cristina de Oliveira, substituta na 12ª Vara de Cuiabá (MT), decretou na tarde desta quarta-feira (11) segredo de Justiça a respeito das investigações do desaparecimento da adolescente Maiana Mariano Vilela, 16 anos, que em 21 de dezembro saiu de um sex shop e depois não foi mais vista.

A decisão, conforme informações do Judiciário, apóia-se no fato de que Maiana é menor de idade e protegida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Porém, possivelmente, a magistrada deve decidir pela quebra de sigilo telefônico nesta quinta-feira (12). Com isso, a Polícia Civil vai abrir uma nova linha de investigação a respeito do caso.

As investigações, no momento, são feitas pelo delegado Silas Tadeu Caldeira, titular da Delegacia de Homicídios, em Cuiabá. Antes, o procedimento era conduzido pela delegada Anaídes Barros, que entrou em licença por dez dias. No retorno, ela retoma os trabalhos.

Há algumas situações que a polícia precisa esclarecer. Nas investigações feitas até o momento, policiais descobriram, por exemplo, que Sueli Mariano, a mãe da adolescente, é suspeita de ter abandonado a menina e esta teria sido induzida à prostituição.

“Ela (Sueli) precisa ser mais investigada”, disse a delegada antes de entrar em licença. A polícia também investiga uma denúncia de que Sueli, há alguns meses, mantinha uma boca de fumo na mesma região onde Maiana desapareceu.

Outra situação é o relacionamento amoroso entre a menor e o empresário do ramo da construção civil Rogério Silva Amorim, 38. Em princípio, ele afirmou em depoimento que havia se separado da mulher, Kalizângela Amorim, com a qual estava casado havia 11 anos. O casal tem uma filha. Depois, ele afirmou à polícia que nunca havia se separado e mantinha a adolescente (Maiana) como amante.

Nesse sentido, a delegada admitiu que o empresário cometeu delito em se relacionar com Maiana, já que ela é menor de idade. Isso, segundo Anaídes Barros, seria corrupção de menores.

Sigilo telefônico

Segundo o delegado Caldeiras, o andamento das investigações depende totalmente da quebra de sigilo do telefone da menor, especialmente as ligações feitas por ela quando desapareceu e nos dias subsequentes.

Caldeiras afirma que as ligações recebidas pelo empresário namorado de Maiana e pela mãe da garota já constam no inquérito. Isso porque ambos falaram à Polícia Civil sobre os diálogos mantidos com a jovem antes e no dia do desaparecimento. O delegado evitou comentar a respeito do conteúdo das conversas.

Na avaliação do delegado, o desaparecimento da adolescente é um caso complexo porque ela foi vista em vários lugares e até o momento não manteve contato com a polícia nem à família para dizer onde estava. “Dependemos dessa quebra de sigilo para tentar esclarecer esse caso de desaparecimento em Cuiabá”, diz Caldeiras.

Ele acrescentou que ainda vai esperar a resposta de três operadoras de telefone móvel. “O celular dela tem três chips, e há empresas que fornecem dados no mesmo dia, outras em uma semana e até aquela que demoram 15 dias para mandar o resultado”, afirmou.

O caso

Maiana Vilela desapareceu no dia 21 de dezembro momentos depois de sacar em um cheque de R$ 500,00 em uma agência bancária da zona norte de Cuiabá. Dessa soma, dada pelo namorado, ela iria pagar R$ 300 ao caseiro da chácara do empresário e o restante usaria como bem entendesse.

Nas gravações do circuito interno de TV da agência, a adolescente aparece sacando o dinheiro e saindo sozinha do banco. Depois, ela pilotou uma motoneta dada de presente pelo namorado.

Em seguida, a adolescente foi vista em um posto de combustíveis na companhia de alguns rapazes que pararam o carro para abastecê-lo. A dona de um sex-shop prestou depoimento e disse que a menor esteve em sua loja, no centro de Cuiabá, onde comprou uma fantasia de “mamãe Noel”.

Depois disso, no dia 31, um jovem ligou para a família e passou a informação de que Maiana estava em Barra do Garças (500 km de Cuiabá, na região do Araguaia).  A Polícia Civil, no entanto não conseguiu localizar a adolescente. Investigadores não trabalham com a hipótese de que Maiana esteja morta.