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Prefeito nega ocorrência de mortes em processo de desocupação

Guilherme Balza

Do UOL, em São José dos Campos (SP)

23/01/2012 22h35

O prefeito de São José dos Campos (SP), Eduardo Cury (PSDB), negou que tenham ocorrido mortes durante o processo de reintegração de posse da comunidade do Pinheirinho, na zona sul da cidade.

"Não teve uma vítima fatal. Tivemos uma vítima baleada que não ocorreu dentro da reintegração, e sim num ginasial e as circunstâncias ainda serão apuradas", afirmou o prefeito, referindo-se ao caso de um morador do Pinheirinho baleado nas costas. A vítima foi encaminhada a um hospital municipal e não corre risco de morte, segundo a prefeitura. Cury disse ainda que a reintegração foi "bastante tranquila, dada a gravidade do assunto."

A informação sobre a possibilidade de terem ocorrido mortes no processo de integração foi dada pelo advogado Aristeu César Pinto Neto, em entrevista à TV Brasil e em reportagem da Agência Brasil. Moradores da comunidade também citaram a ocorrência de mortes durante e depois da ação de reintegração.

A prefeitura disse que, no total, 926 famílias (2.856 pessoas) foram cadastradas após a reintegração. Destas, 250 foram encaminhadas a três abrigos da prefeitura (760 pessoas). Um grupo de 55 famílias recebeu da prefeitura passagens para retornar às suas cidades de origem. O restante das famílias optou por se alojar em casas de amigos e parentes, segundo a prefeitura.


Boa parte dos desabrigados buscar abrigo em uma igreja católica no bairro Campo dos Alemães, ao lado do Pinheirinho, alegando que as condições dos abrigos da prefeitura estavam precárias. Segundo Cury, estas famílias serão transferidas para os abrigos da prefeitura amanhã (24).

O destino das famílias ainda é incerto. O prefeito afirmou que elas permanecerão nos abrigos por tempo indeterminado, até que haja um destino adequado. "A solução definitiva são programas habitacionais", disse.

 

Incêndios

À tarde, um caminhão e uma biblioteca foram incendiados também nos arredores da comunidade do Pinheirinho. O caminhão ficou completamente destruído. Já a biblioteca foi parcialmente danificada. Ninguém ficou ferido e os responsáveis não foram localizados. Outros nove veículos foram incendiados entre ontem e hoje. No início da noite, um sofá foi incendiado na avenida dos Evangélicos. Em resposta, a Força Tática da PM atirou bombas de gás lacrimogêneo em várias ruas da região, provocando corre-corre entre os moradores. Uma das bombas explodiu ao lado do carro da reportagem do jornal "O Globo".

O prefeito associou os atos que ocorreram após a reintegração à ação de grupos criminosos ligados ao tráfico de drogas. Cury disse que o Pinheirinho era o principal foco de criminalidade em São José dos Campos, mas afirmou que a maioria dos moradores da comunidade não tem relação com a criminalidade.

Área é desocupada pela PM
em São José dos Campos (SP)

  • Arte/UOL

Segundo o coronel da Polícia Militar Manoel Messias Mello, que comandou a operação de reintegração, 34 pessoas foram presas na comunidade e arredores desde ontem –18 só nesta segunda-feira. Outros quatro menores foram detidos após tentarem incendiar uma padaria de madrugada.

Mais de 6.000 pessoas moravam na comunidade há cerca de oito anos. O terreno pertence à massa falida da Selecta, do empresário Naji Nahas.

Desde a manhã, os moradores estão retirando os pertences de suas casas acompanhados por 40 oficiais de justiça e policiais. Muitos reclamam da demora no processo. A PM estima que a reintegração seja concluída até amanhã, com a destruição das casas e a liberação do terreno.