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Mãe de Eloá não será testemunha; tribunal não é sensacionalismo, diz promotora

Débora Melo

Do UOL, em São Paulo

10/02/2012 15h49

Responsável pela acusação contra Lindemberg Alves no caso Eloá, a promotora Daniela Hashimoto disse nesta sexta-feira (10) que a mãe da jovem, Ana Cristina Pimentel, não será convocada como testemunha no julgamento, que começa na próxima segunda-feira (13) no Fórum de Santo André (Grande São Paulo).

Lindemberg, 25, vai a júri popular pela morte da ex-namorada Eloá Pimentel, 15, após cerca de cem horas de cárcere privado em Santo André, em 2008.

Mesmo reconhecendo o apelo emocional da participação da mãe de Eloá frente aos jurados, a promotora disse que não convocou a mãe da vítima porque ela não participou das negociações com o réu. “Eu tenho um entendimento que prezo e sigo de não transformar o tribunal do júri em sensacionalismo”, disse Daniela. No dia do julgamento, sete jurados serão sorteados de um grupo de 25 de pessoas --todos são moradores de Santo André.

Ontem, em entrevista ao UOL, a mãe de Eloá disse que só conseguirá ter paz quando Lindemberg responder pelos crimes que cometeu. "Não consegui ver nos olhos dele arrependimento algum por tudo que fez com a minha filha. Será uma proteção à sociedade. Até para que ele não faça a mesma coisa que fez com a minha filha com a filha dos outros."

As testemunhas de acusação convocadas pelo Ministério Público são cinco: Nayara Rodrigues, amiga de Eloá que também foi feita refém e levou um tiro no rosto; Vitor Lopes de Campos e Iago Vilela de Oliveira, amigos de Eloá que estavam no apartamento dela quando Lindemberg o invadiu; Ronicson Pimentel, irmão mais velho da vítima; e o sargento Atos Valeriano, que participou da negociação para libertação das reféns e também foi baleado.

O réu é acusado de cometer 12 crimes , entre eles homicídio duplamente qualificado por motivo torpe (Eloá), tentativa de homicídio (contra Nayara e contra o sargento), cárcere privado e disparos de arma de fogo. Se condenado, a pena total pode variar de 50 a 100 anos de prisão, aproximadamente.

Para a defesa, foram convocadas 14 testemunhas, sendo quatro peritos criminais, um advogado, o delegado que presidiu o inquérito policial, dois policias do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) e seis jornalistas, entre eles Sonião Abrão e Roberto Cabrini.

Entenda o caso

Inconformado com o fim do relacionamento, Lindemberg Fernandes Alves, 22, invadiu o apartamento de Eloá Cristina Pimentel, 15, no segundo andar de um conjunto habitacional na periferia de Santo André, na Grande São Paulo, no dia 13 de outubro de 2008. Armado, ele fez reféns a ex-namorada e outros três amigos dela, que estavam reunidos para fazer um trabalho da escola.

Em mais de cem horas de tensão, Lindemberg chegou a libertar todos os amigos, mas pediu que Nayara Rodrigues, 15, retornasse ao cativeiro, no ponto mais polêmico da tragédia.

Em depoimento, Nayara afirmou que, após ter sido liberada, foi procurada por policiais que queriam que ela tentasse convencer Lindemberg a libertar Eloá pelo telefone. Ela, então, os acompanhou até o local do sequestro e foi orientada pelo rapaz, ao celular, a subir as escadas. Nayara disse que Lindemberg prometeu que os três desceriam juntos mas, quando chegou à porta, viu que ele estava com a arma apontada para a cabeça de Eloá. Ele, então, puxou Nayara para dentro do apartamento e não a libertou mais.

Policiais militares do Gate invadiram o apartamento, afirmando que ouviram um estampido do local. Em seguida, foram ouvidos tiros. Dois deles atingiram Eloá, um na cabeça e outro na virilha, e outro atingiu o nariz de Nayara. Eloá morreu horas depois.

(Com Larissa Leiros Baroni)