Polícia diz que CET também pode ser responsabilizada por acidente que matou duas pessoas em SP
A Polícia Civil de São Paulo informou hoje (29) que admite responsabilizar criminalmente a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) pelo acidente que matou duas pessoas e feriu outras duas, ontem (28) à tarde, no Campo Belo (zona sul de São Paulo).
Segundo o delegado do 27º DP (Campo Belo), Armando Roberto Bellio, mais de uma testemunha relatou em depoimento que o semáforo onde ocorreu a batida, na avenida Vereador José Diniz com a rua Demóstenes, não funcionava. Bellio adiantou que mandaria ofício ainda hoje à CET para que um responsável pela fiscalização ou manutenção de semáforos preste depoimento.
Semáforo estaria desligado em acidente entre ônibus e carro
Ocupantes do carro --um Mitsubishi ASX --, o empresário suíço Alfred Schorno, 67, e a secretária dele, Anna Camilla Nyarady, 57, morreram no local. O motorista do ônibus de transporte coletivo da Viação Cidade Dutra, Jonas Santana da Silva, 26, foi preso em flagrante e indiciado por homicídio doloso (com intenção de matar). Silva foi transferido para a delegacia de trânsito, no 26º DP (Sacomã), de onde deve ser levado amanhã para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Guarulhos.
O UOL entrou em contato com a CET sobre as afirmações do delegado, mas ainda não obteve retorno. Mais cedo, o advogado de Silva, Júlio Cesar Fernandes, também informara que acionaria a CET judicialmente sobre o caso.
Liberdade provisória
O advogado do motorista disse mais cedo que vai entrar ainda hoje com um pedido de liberdade provisória ou de arbitramento de fiança no Dipo (Departamento de Inquérito Policial).
Silva conduzia o ônibus da Viação Cidade Dutra pela avenida Vereador José Diniz quando atingiu o Mitsubishi ASX conduzido pelo empresário pela rua Demóstenes.
Para o advogado, a prisão em flagrante por homicídio doloso “foi uma aberração”.
“O delegado abusou das funções de sua autoridade, pois a própria perícia apontou que o Jonas estava a 47 km/h –abaixo dos 50 km/h permitidos na faixa. Vou levar o caso para a Corregedoria da Polícia Civil e, no Dipo, tentarei a liberdade provisória ou o arbitramento de fiança”, disse.
Ainda conforme o advogado, uma vez que “não existe dolo (intenção)” por parte do motorista, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) deverá ser responsabilizada pelo acidente. Segundo Neves, o semáforo no cruzamento estava sem funcionar no momento da batida.
“A culpa é integralmente da CET por não ter mantido o semáforo no seu devido estado. Não é a primeira vez que ele estava quebrado ali”, criticou.
A assessoria de imprensa da CET informou que ainda não tem resposta sobre o funcionamento do semáforo ontem quando ocorreu o acidente, por volta das 14h.
Velocidade do tacógrafo foi após uso de freio, diz delegado
O delegado rechaçou as declarações do advogado: segundo ele, o relatório preliminar do inquérito que será apresentado à Justiça hoje, para análise de fiança, vai reforçar a tese de homicídio.
"Várias testemunhas disseram em depoimento que o Jonas estava acima da velocidade permitida e que, mesmo vendo a muvuca por conta do semáforo sem funcionar, acelerou a fim de que os carros saíssem da frente. Ele ele parou a 47 km/h, mas essa é a velocidade após a frenagem e após ter percorrido ainda nove metros", disse. Sobre a conduta comparada a "uma aberração" pelo advogado, o policial resumiu: "Perguntei a ele [ao advogado] o que ele faria se os mortos no acidente fossem os pais dele. Ali ele ficou em silêncio, é curioso", concluiu.
O advogado --que também é assessor da ouvidoria das polícias de São Paulo --reagiu: "Ele [delegado] está faltando com a verdade".
Conforme o delegado, o laudo oficial e final da Polícia Científica apontando a velocidade do ônibus no trajeto deverá ficar pronto no prazo de dez a 15 dias.
SPTrans
Já a SPTrans informou que Silva foi afastado preventivamente das funções, uma vez que se trata de acidente com vítima. Ainda conforme a assessoria, oficialmente a SPTrans ainda não tem a informação de conduta irregular no caso de hoje, motivo pelo qual aguardará os resultados da perícia e do inquérito policial antes de decidir pela punição ou absolvição do funcionário.
A SPTrans informou ainda que, para poder voltar ao trabalho, nesses casos, funcionário precisa se submeter a novo exame psicotécnico, a curso de direção defensiva, atestado de sanidade física e mental e ainda apresentar um atestado que o libere às funções.
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