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Homem é multado em R$ 420 mil por transporte ilegal de quase 300 pássaros silvestres

Porta-malas de carro transportava pássaros-pretos ilegalmente em Igarapava (SP) - Divulgação / Polícia Militar Ambiental
Porta-malas de carro transportava pássaros-pretos ilegalmente em Igarapava (SP) Imagem: Divulgação / Polícia Militar Ambiental

José Bonato

Do UOL, em Ribeirão Preto (SP)

29/02/2012 14h45

Um motorista foi flagrado pela Polícia Militar na rodovia Anhanguera com 280 pássaros-pretos no porta-malas de um Santana, na tarde desta terça-feira (28), em Igarapava (446 km de São Paulo). Jorge Pedro da Silva, 36, foi multado em R$ 420 mil pela Polícia Ambiental e vai responder em liberdade pela prática dos supostos crimes de maus-tratos e transporte ilegal de animais silvestres.

Silva, que não foi encontrado pela reportagem do UOL para comentar a acusação, declarou aos policiais que adquiriu os pássaros em Minas Gerais e ia levá-los para Francisco Morato (48 km de São Paulo), onde mora, para criá-los em casa.

De acordo com o veterinário José Humberto Saad Faria, 44, a quem a polícia encaminhou os animais, os pássaros-pretos estavam em péssimas condições. “As gaiolas eram muito pequenas, e havia 25 aves em cada uma delas. A falta de espaço e o calor deixaram os bichos muito estressados”, afirmou.

Dos 280 pássaros, todos eles em fase adulta, oito morreram, 150 foram soltos nesta quarta-feira (29) em três fazendas no município de Igarapava e os demais estão ainda em viveiros. Segundo o veterinário, as aves vão ficar em cativeiro até adquirirem condições de voar. “Como os pássaros se debateram nas gaiolas, acabaram perdendo penas e não podem ser soltos agora.”

Dificuldade para encontrar alimentos

Segundo estimativa do veterinário, somente 25% das aves apreendidas conseguirão se adaptar à natureza. “Além do estresse, alguns pássaros-pretos poderão ter dificuldades para achar alimentos no habitat novo ou ser alvo de predadores”, afirma.

De acordo com Rodrigo Antonio dos Santos, 31, tenente da Polícia Ambiental, a multa de R$ 420 mil é pelo transporte ilegal e maus-tratos das aves. “Foram cobrados R$ 1.500 por ave, R$ 500 pelo transporte e R$ 1.000 pelos maus-tratos. É uma multa administrativa que corre paralelamente ao procedimento penal”, disse.

Segundo a Polícia Civil de Igarapava, o inquérito contra o motorista será encaminhado, junto com o laudo veterinário, para o Juizado Especial Criminal no prazo de 30 dias. Os pássaros-pretos não estão na lista de animais ameaçados de extinção.