Topo

MP abre inquérito para investigar pousada de MG onde casal de namorados morreu asfixiado

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

29/02/2012 13h03

O Ministério Público de Minas Gerais instaurou inquérito civil para verificar o estado de conservação de equipamentos existentes na pousada onde casal de namorados morreu asfixiado por monóxido de carbono, em março de 2011, na cidade de Brumadinho (região metropolitana de Belo Horizonte).

A decisão partiu do promotor Willian Garcia Pinto, e o objetivo do inquérito é verificar a regularidade do estabelecimento e itens de segurança que guarnecem o local.

Casal morto em Brumadinho (MG)

  • Gustavo Lage Ribeiro, 23, e Alessandra Paolinelli de Barros, 22, morreram por vazamento de gás

A Polícia Civil mineira concluiu nesta semana o inquérito sobre a morte de Gustavo Lage Caldeira Ribeiro, 23, e Alessandra Paolinelli de Barros, 22, e indiciou o dono da pousada, Luciano França Drumond, e um bombeiro hidráulico por homicídio culposo (quando não há intenção de matar).

Junto com o inquérito enviado ao MP, havia pedido feito pela delegada responsável pelo caso visando à interdição do estabelecimento. O promotor, que é de Brumadinho, ainda está analisando o conteúdo do material, que faz parte da esfera penal.

A perícia da Polícia Civil disse ter concluído que a principal fonte emissora do gás responsável pelos óbitos foi o sistema de aquecimento da banheira de hidromassagem a gás existente no interior do recinto ocupado pelos jovens que comemoravam um ano de namoro.

O casal foi encontrado na cama no dia 17 de março de 2011, e informações preliminares davam conta de que a lareira instalada no ambiente teria sido a causadora da liberação do gás e a consequente morte do casal.

Alta concentração de gás

O equipamento instalado sob o piso do quarto para aquecer a banheira, segundo concluiu o inquérito, foi confinado de maneira indevida, sob orientação do bombeiro hidráulico, e passou a produzir altas concentrações de monóxido de carbono que retornavam para dentro do quarto pelas frestas na tubulação da banheira.

Conforme a polícia, o dono da pousada determinou a construção de paredes de alvenaria em torno do aquecedor a gás da banheira em razão de reclamação anterior de hóspedes que não conseguiam aquecer a água.

O inquérito ainda conclui que Drumond não teria consultado engenheiros nem especialistas antes de fazer as reformas no local. O advogado dele, entretanto, disse ter se surpreendido com a conclusão do inquérito.

"A pousada é de alto luxo. Todas as modificações ou reformas sempre foram acompanhadas da devida orientação técnica. Nós estamos espantados com essa conclusão da polícia, que soubemos pela imprensa, e nos causa estranheza que nunca algo do tipo tenha ocorrido até então. A pousada sempre esteve e está em funcionamento e nunca houve nenhuma anormalidade no local."

O caso

O casal havia se hospedado no local, dois dias antes de serem encontrados mortos, para comemorar um ano de namoro. Sem contato, a família acionou a polícia. Após rastreamento de mensagens postadas no Facebook, policiais conseguiram localizar o paradeiro dos jovens.

Não foram encontradas marcas de violência nos corpos nem sinais de arrombamento no quarto. Durante o curso das investigações, várias pessoas foram ouvidas pela Polícia Civil. Entre elas, o dono da pousada. Ele afirmou que as lareiras do estabelecimento sempre foram alvo de constante inspeção.

Versões sugeriram que o casal fora vítima de envenenamento. Taças com resto de vinho encontradas no quarto foram analisadas e a polícia ainda procurou por drogas no recinto, além de vestígios de que outras pessoas tenham frequentado o local. Amigos do casal descartaram problemas de relacionamento entre os jovens.

O episódio suscitou a confecção de cartilhas, pelo governo do Estado, para orientar hospedes e turistas sobre o manuseio correto de lareiras.