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Sem pistas sobre assassinato de jornalista em Ponta Porã, secretário descarta necessidade da PF

O jornalista Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, 51, editor do "Jornal da Praça" e do site Mercosulnews foi morto em Ponta Porã (MS) - Leo Veras/Mercosulnews
O jornalista Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, 51, editor do "Jornal da Praça" e do site Mercosulnews foi morto em Ponta Porã (MS) Imagem: Leo Veras/Mercosulnews

Alex Rodrigues

Da Agência Brasil, em Brasília

06/03/2012 15h56

O secretário de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Wantuir Brasil, avalia que as investigações sobre o assassinato do jornalista Paulo Rocaro, morto a tiros há 22 dias, estão bem-encaminhadas. Embora a Polícia Civil de Ponta Porã (MS) ainda não tenha identificado e detido os assassinos, o secretário sugere que a participação da Polícia Federal, neste momento, não é necessária.

Por meio da assessoria da secretaria, Wantuir informou que o delegado responsável pelo inquérito, Odorico Ribeiro de Mendonça, da 1ª Delegacia de Polícia de Ponta Porã, continua investigando várias hipóteses e enfrenta as dificuldades típicas dos crimes encomendados a pistoleiros profissionais, com o agravante de ter ocorrido em uma região fronteiriça.

Para jornalistas da região e pessoas próximas a Rocaro, a identificação dos dois motoqueiros que atacaram o jornalista em uma avenida do centro da cidade e o esclarecimento do motivo do crime exigem a participação de outras forças além da Polícia Civil, cuja estrutura, na cidade, é pequena.

“Somos favoráveis à entrada não só da PF no caso, mas de forças estaduais como o Bope e a Delegacia de Homicídios. A Polícia Civil aqui só tem um investigador para cuidar de todos os casos. Além disso, o Paulo teve problemas com a polícia, problemas causados por matérias que ele publicou denunciando a falta de estrutura da Polícia Civil”, declarou o radialista Diovano César, presidente do Clube de Imprensa de Ponta Porã.

César reconhece que o caso é complicado e que muitas pessoas temem prestar informações que ajudem a polícia a esclarecê-lo. Mesmo assim, ele considera que o trabalho avançou pouco. “Já devíamos saber pelo menos o motivo. Não por se tratar de um jornalista, mas porque estamos numa região de fronteira e achamos difícil que, sem uma força-tarefa, seja esclarecido”, completou o radialista, lembrando também do assassinato de mais dois profissionais da região nos últimos dez anos.

Em entrevista à Agência Brasil, no último dia 23, o delegado Odorico Mendonça disse que qualquer auxílio, quando necessário, seria bem-vindo, mas descartou a hipótese de as investigações serem transferidas para a esfera federal. “Seria ilegal, pois a Polícia Federal não tem competência constitucional para isso”, comentou o delegado, garantindo contar com o apoio da Delegacia Especial de Homicídios, de Campo Grande.

Segundo o delegado da PF em Ponta Porã, Jorge Figueiredo, a investigação do assassinato é atribuição da Polícia Civil, mesmo que tenha sido cometido em uma região de fronteira e que as suspeitas apontem para um crime praticado por pistoleiros de aluguel.

“A PF está à disposição, mas só pode prestar apoio se solicitado, por meio de um pedido que especifique a forma de ajuda necessária”, adiantou Figueiredo, revelando que a PF também tem de contornar a falta de pessoal e de recursos para vigiar a fronteiras e cumprir sua missão.

“Uma região de fronteira exige muitas ações de combate ao tráfico de drogas, contrabando e imigração ilegal. Diante da demanda, que é grande, seria necessário o reforço de pessoal e de equipamentos”, comentou o delegado, responsável por um efetivo de 42 pessoas encarregadas de 11 cidades. “Nem todos trabalham na área fim. Muitos estão em funções administrativas, como a emissão de passaportes”.