Topo

Polícia recaptura em SP um dos líderes do PCC condenado por morte de juiz em 2003

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

15/03/2012 18h24Atualizada em 15/03/2012 20h50

A Polícia Militar de São Paulo recapturou hoje (15), na zona leste de São Paulo, João Carlos Rangel Luisi, 46, o Johnny, um dos condenados pelo assassinato do juiz Antonio José Machado Dias, 47, corregedor dos Presídios e da Vara de Execuções Criminais de Presidente Prudente. O magistrado foi morto com dois tiros no dia 14 de março de 2003, na saída do Fórum de Presidente Prudente. Johnny, condenado a 19 anos de reclusão em regime fechado, estava foragido desde setembro de 2011.

Ele cumpria parte da pena em regime semi-aberto, mas não se apresentava à Justiça desde março do ano passado. De acordo com a PM, Luisi foi recapturado por volta das 11h30 em uma casa na Vila Diva. Ele foi apontado como um dos chefes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em 2006, quando o grupo coordenou uma série de ataques em São Paulo.

O juiz assassinado atuava em processos que envolviam membros do crime organizado --entre os quais Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, também acusados do assassinato.

Assassinato de juiz é atribuído ao PCC

  • Rogério Cassimiro/Folha Imagem - 08.jun.2006

    Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, em junho de 2006, é levado para prestar depoimento a deputados federais da CPI do Tráfico de Armas, na penitenciária de Presidente Bernardes (SP), sobre os atentados atribuídos ao PCC (Primeiro Comando da Capital), ocorridos em maio daquele ano em SP

De acordo com o tenente Márcio Castro, comandante interino da 2ª Companhia do 21º Batalhão da PM, Johnny foi encaminhado à Central de Flagrantes e, de lá, deve ser levado ainda hoje ao CDP (Centro de Detenção Provisória) do Belém (zona leste).

“Ele confessou não só ser um dos cabeças do PCC, como também que participou da morte do juiz”, afirmou Castro. Segundo o policial, o preso ainda era procurado por dois roubos e foi localizado graças a uma denúncia anônima e à ação do trabalho do setor de inteligência da PM.

Entenda o caso

O juiz foi baleado por volta das 18h30 após seu Vectra ser fechado por dois outros veículos. Um dos veículos foi abandonado perto do local do crime. O motivo seria o descontentamento da facção com a atuação do magistrado ao julgar pedidos de presos.

Machado analisava pedidos de benefícios e fiscalizava o cumprimento de pena em sete penitenciárias da região de Presidente Prudente. Da jurisdição faz parte o Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes (589 km de SP), unidade de segurança máxima onde está presa a maioria dos líderes do PCC.

Cerca de duas semanas após o assassinato, a polícia concluiu que a ordem havia partido do homem tido como principal líder do PCC de dentro da Penitenciária 1 de Avaré (262 km a oeste de SP). Três dias depois da morte, um bilhete foi apreendido na prisão.

"Se realmente foi isso, hoje virá algum salve para você. A caminhada é a seguinte: o Machado foi nesta. Passou em todo o jornal lá da cidade e de São Paulo. Esse salve veio hoje pelo pessoal. Foi a Fia [suposta mensageira do PCC] que passou. Acredito eu que é a caminhada do câncer, pois a operação que faltava foi marcada e o paciente operado. Ela pediu para dizer que tinham matado o Machado", dizia a mensagem.

Marcola negou ter ligação com o homicídio. Além de Johnny, outros três acusados já foram condenados pelo crime.; Reinaldo Teixeira dos Santos, o Funchal, 30 anos de reclusão em regime fechado e Ronaldo Dias, o Chocolate, 16 anos e oito meses de prisão.

Julgamento de Marcola

Marcola, apontado como um dos líderes do PCC, foi condenado na madrugada de 12 de novembro de 2009 a 29 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, pelo assassinato do juiz corregedor. O réu, preso na Penitenciária de Segurança Máxima de Presidente Bernardes (SP), não compareceu ao julgamento, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, e não poderia recorrer em liberdade. Ele apelou ao STF (Supremo Tribunal Federal) pelo benefício da progressão de regime, o que foi negado em fevereiro do ano passado.

Também apontado como líder na facção, Julinho Carambola também foi condenado pelo crime a 29 anos de prisão.