Topo

"É quase impossível o jet ski ter ficado desgovernado por quase um minuto", diz perito durante simulação em Bertioga (SP)

Fernando Mendonça

Do UOL, em Bertioga (SP)

20/03/2012 13h39Atualizada em 20/03/2012 13h42

O advogado da família da menina Grazielly Lames, morta na praia de Guaratuba, em Bertioga (SP), no dia 18 de fevereiro, após ser atropelada por um jet ski desgovernado, realizou nesta terça-feira (20) uma simulação do caso.

Segundo o defensor José Beraldo, o objetivo da ação é “observar o movimento de um jet ski desgovernado” e como o aparelho poderia ter atropelado e matado a menina. As informações colhidas na simulação serão acrescentadas aos autos da acusação. “A Justiça pode acolher ou não”, disse o advogado. Segundo ele, o laudo da perícia desta terça-feira deve estará concluído entre essa semana e a próxima.

No começo deste mês, Beraldo chegou a afirmar que a perícia feita no jet ski pelo Instituto de Criminalística, da Polícia Civil, havia apontado que o equipamento apresentava defeito no momento do acidente e que funcionou desgovernado por cerca de um minuto, fato desmentido hoje pela equipe da simulação.

“É quase impossível o jet ski ter ficado desgovernado por quase um minuto e percorrido mais de 500 metros sem antes tombar na água”, disse o perito Jean Pierre Frederic. Ele é um dos cinco técnicos do Grupo de Avaliação, Perícia e Engenharia que participaram da ação.

A afirmação de Frederic é compartilhada pelo piloto de jet ski Paulo César Ferreira, campeão brasileiro na modalidade, que participou da simulação em Bertioga. Segundo ele, o mar da praia de Guaratuba tem ondas fortes, que impediriam o aparelho de percorrer 500 metros na superfície sem ninguém sobre ele. “Alguém dirigia o jet ski até bem próximo da menina”, disse Ferreira.


A defesa da família do garoto V., 13, que estaria dirigindo o equipamento, afirma que ele apenas ligou o aparelho, antes do mesmo sair desgovernado pela água.

Segundo I., 14, que acompanhava o adolescente V. no jet ski, foi José Augusto Cardoso, 51, padrinho do menor de 13 anos, quem autorizou os dois a pilotarem o equipamento.

O inquérito sobre a morte de Grazielly havia sido concluído no último dia 6 de março pelo delegado titular da Polícia Civil de Bertioga, Maurício Barbosa, que não indiciou ninguém pela morte da criança.

Naquele mesmo dia, porém, o delegado-geral da Polícia Civil do Estado de São Paulo, Marcos Carneiro Lima, interveio e encaminhou o caso para a Delegacia Seccional de Santos, uma instância superior na Secretaria da Segurança Pública –onde o caso está sendo presidido pelo delegado seccional de Santos, Rony da Silva Oliveira.

Nas primeiras declarações dadas após assumir o caso, Oliveira foi categórico ao afirmar que aguardaria o laudo do jet ski antes de concluir o inquérito. “O laudo do jet ski é imprescindível”, afirmou o delegado à época. O laudo deve ser concluído nos próximos dias.

O caso

Grazielly Almeida Lames, que visitava o mar pela primeira vez, brincava com a mãe na área rasa da praia quando o jet ski a atingiu na cabeça. Ela foi levada de helicóptero ao Hospital Municipal de Bertioga, com traumatismo craniano, mas chegou já morta.

O adolescente de 13 anos suspeito de dirigir o jet ski fugiu do local sem prestar socorro. No inquérito de Bertioga, o adolescente foi citado como responsável pelo acidente.

Ao longo do inquérito de Bertioga, foram ouvidas dez testemunhas, entre os pais e um tio de Grazielly, os pais do menor que provocou o acidente e de seus padrinhos –donos da casa onde o menino estava hospedado e do jet ski dirigido por ele.