Investigação conclui que ciclista morta na Paulista foi vítima de homicídio; motorista de ônibus é indiciado
A Polícia Civil de São Paulo finalizou e já encaminhou ao Fórum Criminal da capital o inquérito instaurado há um mês pela morte da ciclista Juliana Dias, 33, na avenida Paulista. A investigação concluiu que a jovem, bióloga e pesquisadora do hospital Sírio Libanês, foi vítima de imperícia e imprudência de um motorista de ônibus de transporte coletivo indiciado por homicídio culposo (sem intenção).
Segundo a delegada que chefiou a investigação, Victória Lobo Guimarães, do 78º DP (Jardins), os depoimentos e o laudo do IC (Instituto de Criminalística) corroboraram a primeira hipótese da polícia --a de homicídio culposo por parte do motorista Reginaldo Santos, 36, que, no dia do acidente (2 de março), chegou a ser preso em flagrante, mas teve a fiança de R$ 1.500 quitada pelo sindicato dos motoristas do transporte coletivo.
Em depoimentos, testemunhas chegaram a dizer que Juliana teria se desequilibrado ao discutir com um motorista, e, ao cair, foi atropelada pelo ônibus que seguia pela faixa exclusiva. Outras testemunhas, porém, disseram à polícia que a ciclista foi fechada por Santos, que tentava uma ultrapassagem perigosa usando a terceira faixa da direita para a esquerda. Juliana estava na segunda faixa.
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“Agora é o juiz quem determina o que acontece com o motorista”, resumiu a delegada.
A SPTrans informou que Santos segue afastado do trabalho desde o acidente, de forma preventiva, até que a polícia concluísse a investigação. Com o fim do inquérito e a conclusão dele obtida, ele deverá ser submetido a um curso de reciclagem antes de voltar às funções.
O acidente e as manifestações de ciclistas
Juliana morreu no último dia 2 de março, no final da manhã, quando trafegava pela Paulista na segunda faixa, próximo à rua Pamplona. Ela foi atingida por um ônibus da linha 478P-10 (Sacomã-Pompeia) e, segundo testemunhas, usava equipamentos de segurança. A jovem foi atingida na cabeça e nas pernas.
Amigos da bióloga afirmaram que ela participava ativamente de movimentos que discutiam a acessibilidade urbana dos ciclistas. A jovem era pesquisadora do hospital Sírio Libanês, na região central, e fazia diariamente o percurso entre o trabalho e a Vila Mariana (zona sul), onde morava. A família é de São José dos Campos (interior paulista), onde o corpo dela foi sepultado.
Semana passada, uma manifestação nacional de ciclistas lembrou acidentes como o que matou a bióloga e pediu mais segurança a quem é adepto desse tipo de transporte. Em São Paulo, o ato foi realizado na própria Paulista, onde os manifestantes depositaram flores e uma bicicleta branca em memória da jovem.
Outros casos
Também hoje, um ciclista morreu de manhã ao ser atingido por um veículo de passeio na avenida Pirajuçara, zona sul de São Paulo. Depois do acidente, segundo a polícia, o motorista do carro passou mal e foi encaminhado para o Pronto Socorro Bandeirantes. O caso foi encaminhado ao 34ªDP (Vila Sônia).
Em janeiro de 2009, uma outra ciclista também morreu na avenida Paulista após ser atropelada por um ônibus. Márcia Regina de Andrade Prado, 40, era uma ativista do ciclismo e sua morte gerou uma série de manifestações na região.
Em junho do ano passado, o ciclista Antonio Bertolucci, 68, que era acionista e presidente do Conselho de Administração da Lorenzetti, morreu após ser atropelado por um ônibus fretado na avenida Paulo VI, na zona oeste da capital.
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