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Em encontro com Dilma, governadores do Nordeste pedem criação de "Bolsa Estiagem"

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

23/04/2012 18h49

Os governadores do Nordeste pediram à presidente Dilma Rousseff a criação de uma “Bolsa Estiagem” para garantir renda às famílias pobres atingidas pela seca na região. O pedido foi feito no encontro entre gestores estaduais, ministros e a presidente nesta segunda-feira (23) à tarde, em Aracaju.

O pedido foi feito por pelo menos dois governadores –Wilson Dias (PSB), do Piauí, e Rosalba Ciarlini (DEM), do Rio Grande do Norte. Ao todo, pelo menos 474 municípios decretaram situação de emergência no Nordeste por conta da estiagem. A previsão é que não chova nos próximos meses.

“Precisamos de agilidade para ampliar a oferta de água. Precisamos de apoio, que pode ser o Bolsa Família, ou que o governo federal crie uma bolsa específica para que as pessoas tenham segurança alimentar”, disse Ciarlini, após almoço com a presidente.

A governadora também entregou uma lista de reivindicações para o Estado. "Precisamos de obras que sejam complementares a outras já existem para aumentar a oferta de água. Para as barragens que estão programadas, por exemplo, que os recursos sejam liberados o mais rápido possível", afirmou, citando que pediu ainda a construção de cisternas, sistemas de abastecimento de água simplificado e barragens subterrâneas.

O governador Wilson Martins também pediu a criação de uma bolsa para 60 mil famílias no Estado, além da antecipação do Seguro Garantia Safra para 84 mil famílias, subsídio de ração e grãos para os animais, 1.100 poços tubulares comunitários e liberação de recursos já empenhados de obras de segurança hídrica e das emendas de bancada do Orçamento Geral da União 2012 para construção de duas barragens.

“Fizemos um apelo em relação à necessidade de executarmos ações para abastecimento de água humano e animal. Essa é a seca mais grave desde o início do século 20. No Piauí, regiões em que chovia em torno de 600 a mil milímetros por ano, esse ano choveu menos de 100 milímetros. Não há suporte para abastecimento de água nos reservatórios que temos disponíveis, nem há pastagens”, afirmou, por meio do site oficial do governo.

Durante o discurso que fez ao público em Rosário do Catete, pela manhã, a presidente Dilma Rousseff falou sobre a seca e disse que levou vários ministros ao Estado para discutir a seca, "que está preocupando muito o governo federal.” “É uma questão importantíssima, e nós pretendemos não deixar que a seca devaste tudo o que conquistamos, nos últimos anos, de crescimento, de melhoria de vida, de condições de sobrevivência no semiárido nordestino”, disse.

Situação grave

Segundo estimativas meteorológicas, choveu apenas 30% do que era esperado para o semiárido nordestino durante o verão --ao contrário do litoral, essa é a época de mais chuvas na região.

Com 206 municípios em situação de emergência até a sexta-feira (20), o governo da Bahia suspendeu a utilização dos recursos hídricos que não sejam com fins de abastecimento humano ou animal. Com isso, agricultura, projetos de irrigação e até de hidrelétricas passarão a ter o fornecimento suspenso até que as chuvas caiam novamente. A seca na Bahia --que concentra mais de 40% dos decretos de emergência no Nordeste-- já é considerada a maior registrada nos últimos 30 anos.

No Rio Grande do Norte, 139 municípios decretaram emergência no último dia 12. O governo informou que os decretos foram publicados após a conclusão de um parecer técnico detalhando a situação agroclimática do Estado, apresentado no último dia 5.

No Estado do Piauí, são pelo menos 82 cidades na mesma situação. Na sexta-feira (20), o governador Wilson Martins informou que pediu ao Ministério do Desenvolvimento Agrário a antecipação do pagamento do seguro-safra aos produtores que tiveram perdas agrícolas.

Em Pernambuco, o número de municípios em emergência já chega a 28. O crescimento levou o governador, Eduardo Campos (PSB), a conversar com a presidente Dilma Rousseff na próxima semana para tratar sobre o problema.

Em Sergipe, já são 18 cidades atingidas, com mais de 100 mil atingidos. Alagoas e Paraíba, que não possuem municípios com decretos, estão finalizando as documentações para, nos próximos dias, informarem a situação de emergência.

No Ceará, apenas um município já decretou a situação e outros podem publicar documentos nos próximos dias. O Maranhão é o único Estado que ainda não manifestou problemas pela falta de chuvas.