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Médico indiciado por discriminação em Brasília classifica episódio de "mal-entendido"

Médico acusado de racismo em cinema de Brasília classificou episódio como "mal-entendido" - Bandnews
Médico acusado de racismo em cinema de Brasília classificou episódio como "mal-entendido" Imagem: Bandnews

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

04/05/2012 15h30Atualizada em 04/05/2012 16h15

Após quase uma hora de depoimento, o médico Heverton Octacílio de Campos Menezes disse à imprensa que o episódio ocorrido no último domingo (29) com a bilheteira de um cinema de Brasília Marina Serafim dos Reis foi “um mal-entendido”.

Segundo a polícia, a mulher acusou o médico de racismo: ao chegar atrasado para a exibição de um filme e tentar furar a fila dos clientes, ele começou a discutir com a atendente e teria dito que ela “deveria morar na África para cuidar de orangotangos”.  

Após depor, ele não quis responder a nenhum dos questionamentos feitos pelos jornalistas e apenas leu uma carta: “como médico e figura pública que sou, gostaria, neste momento difícil para mim, manifestar, com toda humildade: as minhas sinceras desculpas públicas por tão lamentável episódio e mal-entendido”, afirmou Menezes.

O médico foi indiciado na quarta-feira (2) por injúria discriminatória. O delegado da 5ª Delegacia de Polícia de Brasília, Marco Antonio de Almeida, já havia ouvido, além da vítima, outras duas testemunhas. Menezes tem nove passagens pela polícia com acusações que vão de desacato a lesão corporal leve. Em 2002, Menezes foi acusado por crime semelhante por uma mesária durante as eleições.

O médico chegou à delegacia acompanhado do advogado Aldo Zago, que afirmou que seu cliente foi absolvido das nove acusações anteriores. O delegado disse que o médico se limitou apenas a ler a carta durante seu depoimento. O inquérito será remetido ao Ministério Público na próxima segunda-feira.  

Na carta, Menezes pede desculpas à atendente, à comunidade de Brasília, pela qual diz ter “grande apreço e admiração”, e à comunidade nacional e internacional. O médico afirma ainda ser contra qualquer tipo de discriminação e cita pessoas afrodescendentes próximas para dizer que não é racista.

“Em relação aos afrodescendentes, manifesto meu profundo carinho e respeito, seja no Brasil ou na África, onde trabalhei em uma missão médica durante um ano da minha carreira; ainda muito me tranquiliza declarar que tenho colaboradores e pacientes afrodescendentes aos quais tenho dado grande parte da minha vida profissional concedendo a elas o melhor do saber, da prática, do carinho e dedicação médica.”

Se condenado, o médico pode pegar de um a três anos de prisão e terá que pagar uma multa.