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Zoológico de Goiânia é reinaugurado após três anos em reforma; mais de 200 animais morreram no período

Rafhael Borges

Do UOL, em Goiânia

05/05/2012 06h01

Fechado à visitação desde julho de 2009, o zoológico de Goiânia será reaberto neste sábado (5) para parte do público. A reforma, que atrasou e demorou quase três anos, foi a primeira grande intervenção feita no local em 56 anos de existência. Durante as obras, ao menos 240 animais morreram: só este ano foram oito mortes, em 2011 foram 63 bichos, em 2010, 68, e, em 2009, 109.

A Agência Municipal do Meio Ambiente do município contesta esse número --trata-se de uma estimativa, pois tinham 780 animais, e tirando os que nasceram e foram adquiridos no período, sobraram 490--, pois alguns bichos não seriam de responsabilidade da cidade, e estavam emprestados por circos e fazendas.

O zoológico foi fechado após uma série de mortes já registradas. O fechamento foi acordado por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre a diretoria do local e o Ibama, exigindo as mudanças estruturais. O Ministério Público chegou a mover uma ação contra a instituição, alegando que as acomodações dos bichos eram consideradas péssimas.

O secretário extraordinário da Prefeitura de Goiânia, Sebastião Peixoto, afirma que todas as exigências do TAC, assinado em setembro de 2009 com o MPF (Ministério Público Federal), MP (Ministério Público) estadual e Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) foram cumpridas.

A ONG Biodefesa afirmou que a reforma e a infraestrutura do zoológico prejudicaram os animais e favoreceram as mortes mais recentes.

A direção alega que os óbitos foram causados pela idade avançada de alguns animais e por doenças contraídas por uma alimentação inadequada e descontrolada feita por visitantes.

A reabertura do local foi adiada por três vezes: a data inicialmente prevista era fevereiro de 2011, mas o prazo foi postergado para junho de 2011 e, mais tarde, para outubro do mesmo ano. Mas as obras atrasaram de novo, e foram finalizadas apenas agora.

De acordo com o prefeito Paulo Garcia (PT), o atraso se justifica por se tratar de uma obra de grande porte. “A demora se justifica porque foi uma obra grandiosa. Tenho a certeza que entrego um zoológico moderno, com um padrão mais adequado”, afirma. A previsão de gastos era de R$ 2,5 milhões, mas o total ficou em cerca de R$ 4 milhões.

No início, a intenção da prefeitura era realizar uma reforma para adequação de alguns espaços e reparos em jaulas. Mas, depois de analisar a situação estrutural, “foi preciso ampliar a reforma, e reconstruir o parque”, alega o diretor do zoológico, Raphael Cupertino. Segundo ele, essa mudança no projeto acarretou os acréscimos no orçamento.

Mudanças e visitas restritas

O zoológico terá uma área verde de aproximadamente 280 mil metros quadrados, onde serão mantidos em exposição permanente 522 animais de 154 espécies, entre mamíferos, aves e répteis. Alguns foram trazidos de outros Estados e serão vistos pela primeira vez a partir de hoje –como um casal de tigres, que veio de Santa Catarina.

Entretanto, o passeio está restrito, inicialmente, às escolas da rede municipal. Segundo a direção do local, a medida foi tomada para que os bichos se readaptem ao público aos poucos. Serão 1.200 alunos por dia.

Cupertino explica que os animais ficaram muito tempo sem ter contato com um grande número de pessoas. “À medida que nós formos analisando o comportamento dos animais, nós vamos abrir, no menor tempo possível, o zoológico para a população.”

A estrutura do parque foi reformulada: duas novas portarias foram construídas e as grades dos ambientes foram substituídas por vidros temperados. Na maioria dos recintos, os animais foram isolados totalmente do contato com o público. Uma barreira acústica também vai tentar minimizar o “estresse” dos animais, já que o zoológico fica em uma área urbana de Goiânia, cercado de prédios.

O parque conta ainda com um serpentário –estão expostos animais como jararacas, cascavéis, salamandras, jiboias, além de uma píton albina.