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Professor quer tornar Paraíba do Sul, em SP, o primeiro rio sagrado dos católicos no mundo

O rio Paraíba do Sul em trecho que passa perto da Basílica de Aparecida, em Aparecida (SP) - Caio Guatelli/Folhapress
O rio Paraíba do Sul em trecho que passa perto da Basílica de Aparecida, em Aparecida (SP) Imagem: Caio Guatelli/Folhapress

Julio Ottoboni

Do UOL, em São José dos Campos (SP)

07/06/2012 06h00

O Brasil deve ter um rio sagrado. Essa é a expectativa do professor universitário e advogado Adair Loredo, de São José dos Campos (91 km de São Paulo), que promove uma campanha para tornar o rio Paraíba do Sul o primeiro reconhecido sagrado pela Igreja Católica em todo o mundo. No planeta, apenas a Índia possui rios sagrados, ao todo sete, sendo o principal deles o Ganges. Porém, dentro do hinduísmo, que é a religião predominante naquele país.

  • Júlio Ottoboni/UOL

    Loredo faz campanha para tornar o rio Paraíba do Sul o primeiro reconhecido sagrado pela igreja

O Jordão, que faz fronteira entre Jordânia e Israel e é citado na “Bíblia” como local onde Jesus teria sido batizado, é o rio imediatamente lembrado pelos cristãos quando se pensa em um rio que poderia ser reconhecido como santo. Mas o Jordão não é, por conta dos conflitos políticos e religiosos no Oriente Médio. Tanto o islamismo como o judaísmo também reivindicam a titulação de sagrado sobre ele. Atualmente, os cristãos não conseguem chegar às suas margens por proibições feitas pelo governo de Israel.

Um lugar somente recebe a classificação religiosa de sagrado pela Igreja Católica quando é consagrado como tal por uma autoridade eclesiástica. A partir daí, pode ser considerado um local santo. É aqui que entra a proposta de Loredo. “Além de Nossa Senhora da Conceição Aparecida ter surgido nas águas do rio em 1717, temos também o primeiro santo brasileiro, frei Galvão, que nasceu em Guaratinguetá, cidade banhada pelo Paraíba, e foi batizado com a água dele. Esse rio tem uma enorme importância na vida religiosa brasileira e na formação da nossa cultura”, disse o professor.

“Basta lembrar que o primeiro milagre reconhecido de Nossa Senhora Aparecida foi exatamente nessas águas, quando os três pescadores já tinham desistido da pesca e encontraram a imagem. Em seguida, lançaram a rede novamente e conseguiram uma quantidade fantástica de peixes, que quase afundou a embarcação. Não é à toa que Nossa Senhora é considerada pelo Vaticano e pelo governo federal, por lei, a padroeira do Brasil”, disse.

Loredo afirmou que deve se encontrar nas próximas semanas com o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Raymundo Damasceno Assis, quando pedirá seu engajamento na causa. Seu objetivo declarado é conseguir uma aproximação com o papa Bento 16, que visitará o Brasil em 2016, quando, espera o professor, será possível a consagração.

Consciência ambiental

Loredo diz que ainda pretende uma reunião com o Consórcio de Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraíba (Condivap), que reúne os prefeitos da região, para expor suas ideias. Para ele, a importância de haver um rio sagrado no hemisfério sul, o primeiro da devoção cristã, e torná-lo um símbolo internacional despertará para a discussão ambiental e uma nova consciência sobre o uso da água dentro do eixo de maior importância econômica da América do Sul, já que o rio corre entre as capitais de São Paulo e do Rio de Janeiro.

“Quando se polui a água na verdade está se profanando um dos elementos mais sagrados para a manutenção de toda a vida no planeta. É algo sobre o que as pessoas precisam refletir, se existe a devoção a Nossa Senhora Aparecida tem que se compreender que ela surgiu das águas deste rio tão maltratado ao longo de seu curso, com quase 1.200 quilômetros”, disse.

Loredo está criando a Fundação Rio Sagrado, na qual pretende reunir interessados em ver o Paraíba do Sul reconhecido pela Igreja Católica, defender o rio em toda sua extensão e orientar as pessoas "sobre a importância em se manter esses cursos de água doce limpos e despoluídos".