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Após naufrágio de navio mercante, manchas de óleo se alastram no litoral do Ceará

Manchas de óleo são vistas nas rochas do espigão 7, em Fortaleza - Divulgação/Secretaria do Meio Ambiente de Fortaleza
Manchas de óleo são vistas nas rochas do espigão 7, em Fortaleza Imagem: Divulgação/Secretaria do Meio Ambiente de Fortaleza

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

06/07/2012 16h25

A Capitania dos Portos do Ceará confirmou, nesta quinta-feira (6), que manchas de óleo foram encontradas em pelos menos dois pontos do litoral do Estado. Segundo a Prefeitura de Fortaleza, houve “grande dano ambiental” na praia de Pirambu causado após o naufrágio do navio mercante Seawind, de bandeira do Panamá, que afundou na noite da última quinta-feira (28). O navio está carregado com cerca de 40 mil toneladas de granito.

Em nota, a capitania disse que o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis) realizou vistoria no mar e encontrou dois pontos com óleo, provavelmente do navio mercante. A confirmação oficial ainda depende de análise.

“Foram identificados vestígios de óleo remanescentes no espigão da praia do Arpoador, no bairro do Pirambu, no mesmo local onde já foram realizadas limpezas pelo CDA [Centro de Defesa Ambiental]. Foi avistada por observação aérea uma mancha de óleo, com volume estimado de 67 litros, a cerca de 5 km afastado da costa, ao largo de São Gonçalo do Amarante [município litorâneo a cerca de 60 km de Fortaleza], seguindo em direção ao mar aberto”, informou o comunicado.

Segundo o secretário do Meio Ambiente de Fortaleza, Adalberto Alencar, o óleo que chegou à praia de Pirambu causou grandes danos ambientais e econômicos. “Fizemos uma visita e foi verificada a poluição hídrica, o prejuízo aos pescadores –são quase 700 naquela comunidade–, que ficaram esses dias sem ir ao mar, e prejuízo à paisagem. A regata histórica dos pescadores, que seria domingo (1º), também teve de ser cancelada”, disse.

Alencar afirmou que técnicos estão fazendo uma avaliação precisa do impacto ambiental, que deve resultar em uma ação na Justiça. “Na segunda-feira (9) teremos uma reunião com a Colônia dos Pecadores. Vamos juntar todos os elementos e mover uma ação por esse crime ambiental praticado em Fortaleza. Estamos tentando encontrar a empresa responsável pelo navio para notificá-la. Sabemos que ela já tem problemas com a Justiça do Trabalho”, informou.

Estudo

Diante do cenário, a prefeitura aguarda estudos que apontem a real dimensão do problema. “Nesse primeiro momento, estamos acompanhando a limpeza, que ainda está sendo feita. Ou seja, continuamos com a área poluída. Estamos aguardando a UFC (Universidade Federal do Ceará) concluir um estudo mais detalhado do que isso vai ter de impacto na cidade, que só poderemos ter mais na frente.”

O secretário também cobrou mais transparência sobre as embarcações que chegam aos portos de Fortaleza. “Nós precisamos ter uma campanha preventiva, um sistema de alerta, que não o ocorreu. Nós soubemos desse vazamento pela imprensa. Precisamos de um sistema que articule vários órgãos ambientais, governamentais e da sociedade civil. Esse foi um acidente grande, mas podemos ter maiores. Queremos saber o nível dos navios que chegam aos nossos portos. Fortaleza é uma cidade turística. A praia significa tudo para a capital”, disse.

Segundo a Capitania dos Portos, apesar das manchas de óleo ainda serem percebidas, não existe mais vazamento do navio desde o meio-dia da última terça-feira (3). Mesmo assim, o órgão informou que continua com “esforços preventivos empreendidos no sentido de proteger o ambiente marinho, com a manutenção das barreiras de contenção”.

O navio

Segundo a Capitania dos Portos, o navio mercante está carregado com granito, é de propriedade da empresa Argo Maritim Ltda. - SVC, com sede na cidade de Varna, na Bulgária. Ele está ancorado em Fortaleza há cerca de um ano, na área do porto organizado do Porto do Mucuripe, “por questões de competência da Justiça do Trabalho”.

O navio foi apreendido em julho de 2011, após sair do Espírito Santo e ser retido em razão de uma dívida de US$ 560 mil dos proprietários do navio com trabalhadores. Os tripulantes foram resgatados, e, segundo afirmaram em depoimentos, sofriam com atraso de até nove meses no pagamento.