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Família e associação de skatistas querem responsabilizar Prefeitura do Rio após agressão a menor

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

26/07/2012 16h03

Os familiares do skatista Pedro Henrique Ribeiro Silva, 16, e organizações que representam o esporte em Volta Redonda, no sul do Rio de Janeiro, e no Estado, farão uma reunião nos próximos dias para definir qual será medida judicial a ser tomada após a agressão que o jovem sofreu quando andava de skate no Parque de Madureira, no subúrbio da cidade. Na ocasião, o menor caiu depois que um guarda municipal se colocou à frente dele durante uma manobra conhecida como "ollie".

Vídeo mostra agressão a skatista no Rio

Segundo Antônio Carlos Brasa, presidente da Associação de Skatistas de Volta Redonda (Askvr), Silva, conhecido popularmente entre os skatistas como "Neném", não sofreu lesões mais graves em função do incidente, e está na casa de um amigo, em Nilópolis, na Baixada Fluminense. Depois de cair em razão da interferência do guarda, ele ainda foi agredido com um chute e uma cotovelada. Assim que ele retornar para a Volta Redonda, sua cidade natal, o caso deve ser levado ao Ministério Público.

"Era um menor praticando o esporte em uma pista de skate, ou seja, um local adequado. Quem tem que responder por isso é a própria prefeitura, pois foi ela que colocou um representante [referindo-se ao guarda municipal] na rua para falar em nome dela. (...) O que aconteceu chocou muita gente e só não foi pior por que os skatistas estão acostumados a cair em função da dinâmica do esporte. Vamos conversar com o nosso advogado e ver o que podemos fazer", afirmou.

Em nome da Associação de Skatistas de Volta Redonda, Brasa criticou a atuação do guarda municipal identificado como Afonso --a assessoria da corporação não divulgou a identidade completa do agente--, mas afirmou acreditar que culpabilizar apenas a figura do guarda municipal não seria o suficiente para avaliar as circunstâncias do fato.

"O que ocorreu foi uma barbaridade e não é preciso nem analisar o que aconteceu antes da agressão. De qualquer maneira, o cara estava errado. Nada dava o direito ao guarda de agir daquela forma. Mas temos que ressaltar que a prefeitura é responsável por recrutar essas pessoas totalmente despreparadas, sem inteligência emocional, sem preparo psicotécnico, o que dá margem a essas atitudes absurdas, sem nexo", disse. "Amanhã ele é expulso da corporação e será mais uma família prejudicada por um ato impensado de quem deveria estar ali para proteger o patrimônio público e o cidadão."

Brasa também rebateu algumas declarações em favor da atitude do guarda municipal de pessoas que estavam no Parque Madureira durante a agressão --algumas testemunhas afirmaram que a manobra do jovem colocava em risco pessoas que acompanhavam a movimentação de skatistas na rampa. "Como é que ele poderia colocar em risco se a pista foi construída justamente para que as pessoas andem de skate ali?", questionou.

"Ele estava dando uma manobra exatamente no ponto em que a rampa desce, e nessa área o público que acompanha tem que ficar afastado mesmo. A pista é de skate, as pessoas não podem ficar ali", completou.

Brasa disse ainda que conversou com a mãe de Silva por telefone, e que ela não teve oportunidade de falar com o filho desde a noite desta quarta-feira (25), quando o vídeo publicado originalmente em uma rede social ganhou repercussão na internet. "Ele não tem celular e ela [mãe] estava desesperada, chorando, sem saber se ele estava bem ou não. Tranquilizamos a mãe dele e garantimos que ele terá toda a cobertura que precisar", disse.

O presidente da Associação de Skatistas de Volta Redonda afirmou ainda que Silva é "um adolescente tranquilo, como qualquer outro", e que conta com bastante prestígio no circuito amador. Recentemente, ele foi escolhido "O Imperador da Pista" por sua performance na praça XV, no centro da capital fluminense, ponto que também atrai muitos praticantes da modalidade.

Outro lado

O guarda municipal que agrediu o skatista já foi afastado da função e será demitido, de acordo com nota divulgada pela assessoria da corporação. Além disso, será aberta sindicância para investigar a participação de outros agentes da GM na confusão.

A ordem partiu do prefeito Eduardo Paes (PMDB), que está em Londres para os Jogos Olímpicos. Ao ver as imagens, Paes pediu a identificação e a expulsão do guarda ao secretário de Ordem Pública, Alex Costa.

"A Guarda Municipal repudia veementemente o comportamento do guarda, que não representa a Instituição cuja função é estar ao lado do cidadão e zelar pela boa convivência no espaços públicos", afirma a nota.