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Para alimentar 300 cães, casal recolhe restos de merenda em escolas no interior de São Paulo

A comerciante Neusa Mila segura um dos 300 cachorros cuidados por ela em São Joaquim da Barra - Arquivo pessoal
A comerciante Neusa Mila segura um dos 300 cachorros cuidados por ela em São Joaquim da Barra Imagem: Arquivo pessoal

José Bonato

Do UOL, em Ribeirão Preto (SP)

27/08/2012 15h10

Um casal de São Joaquim da Barra (383 km de São Paulo) coleta diariamente restos de merenda em escolas para alimentar cerca de 300 cachorros abandonados. Os bichos vivem num canil improvisado perto do aeroporto da cidade. As despesas com os animais chegam a R$ 6.000 mensais, dos quais R$ 2.000 são doados pela prefeitura, mas a maior parte vem de contribuições de terceiros e do próprio casal.

Os alimentos que sobram nas escolas, segundo a comerciante Neusa Aparecida Franco Mila, 60, são recolhidos nos dois veículos da família, um furgão Fiorino e um Fiat Premio.  A comida é misturada à ração para dar volume. “Os cachorros se alimentam apenas uma vez por dia. É um pratinho só para cada um, infelizmente.”

Quer ajudar?

Associação Protetora dos Animais São Francisco de Assis-São Joaquim da Barra
Banco Itaú
Agência: 0426
Conta corrente: 31.400-1
CNPJ: 05436547/0001-58

No canil costumam ficar cerca de 280 cães, e, em casa, outros 20. “Eu só levo para casa aqueles que estão doentes ou se recuperando de atropelamentos ou precisaram sofrer amputação de membros. Nessas condições, eles não latem e não incomodam os vizinhos”, afirma a comerciante.

Neusa cuida de animais abandonados há 15 anos. “Faço por amor. Os cachorros são animais puros, que dependem de nós. Infelizmente as pessoas os abandonam e os maltratam”, afirma. A comerciante não costuma dar nome aos bichos que adota, mas afirma conhecê-los pela história individual. “A maioria é vira-lata e faz a maior festa quando me vê.”

Onde fica S.Joaquim da Barra

  • S.J. da Barra está a 382 km de São Paulo

Dor de cabeça

A fama de protetora, no entanto, tem trazido dores de cabeça a Neusa e ao marido, o chaveiro Lazaro Fernandes Mila. “Toda vez que atropelam ou abandonam um cachorro, o problema sobra para nós. Parece que temos a obrigação de resolver.”

Outra dificuldade é quando as escolas estão fechadas, aos finais de semana, feriados e nas férias. Aí os cachorros precisam ser alimentados só com ração, o que aumenta a despesa. Os bichos consomem 80 quilos diários de comida.

Além do casal, dois outros funcionários cuidam dos animais no canil. Um deles é cedido pela prefeitura, o outro recebe R$ 1.200 de salário para trabalhar os sete dias da semana, ininterruptamente. A dupla também recebe apoio de voluntários.