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Gaeco e grupo de elite da Polícia Civil assumem buscas por jornalista desaparecido no Paraná

Anderson Leandro da Silva desapareceu há seis dias - Sindijor-PR
Anderson Leandro da Silva desapareceu há seis dias Imagem: Sindijor-PR

Carlos Kaspchak

Do UOL, em Curitiba

16/10/2012 17h03

As investigações sobre o desaparecimento do jornalista Anderson Leandro da Silva, 38, ocorrido há seis dias em Quatro Barras (região metropolitana de Curitiba) são desde esta terça-feira (16) de responsabilidade do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público do Paraná (MP-PR), e do Grupo Tigre (Grupos de Repressão Especial), da Polícia Civil do Paraná.

“Fizemos uma reunião hoje para definir as linhas de investigação e a melhor forma de atuação para esclarecer este caso. Até o momento, não vamos divulgar detalhes, não podemos falar muito para não prejudicar as investigações”, afirmou ao UOL o procurador de Justiça Leonir Batisti, coordenador do Gaeco.

O delegado do Grupo Tigre, Sivanei de Almeida Gomes, também confirmou o empenho da Polícia Civil no caso. “Por enquanto só temos algumas evidências, nenhuma muito palpável ou relevante”, disse Gomes.

O jornalista desapareceu na quarta-feira (10) depois que deixou a produtora em que trabalha em Curitiba e se dirigiu para Quatro Barras (PR), na Região Metropolitana de Curitiba, onde teria uma reunião sobre um possível trabalho. Desde então, familiares e amigos denunciaram o caso à polícia e se mobilizaram nas redes sociais.

Nas primeiras investigações, a Delegacia de Vigilância e Capturas passou a considerar motivação passional para o desaparecimento. Mas a família e amigos questionaram publicamente, pois acreditam que o envolvimento de Anderson com sindicatos e movimentos sociais, -- ele foi ferido em uma desocupação de terra em 2008 e abriu processo contra o Estado porque um policial atirou contra um grupo de jornalistas na ocasião --, pode ter motivado o desaparecimento.

Segundo parentes e amigos, o jornalista pode ter sido vítima de uma emboscada ou sequestro. “Ninguém reclamou que ele não chegou para fazer esse roteiro, não chegou para fazer esse orçamento, o que nos leva a acreditar que isso possa ter sido uma emboscada sim”, disse Agenor da Silva, irmão de Anderson.

Outro irmão, Antônio da Silva, disse não acreditar em motivação passional para o desaparecimento. “Nós não temos motivo para acreditar que ele está namorando em algum lugar, que vai acabar o dinheiro hoje e aí ele vai ligar pedindo o dinheiro ou vai voltar para casa", afirmou.

Ameaças

Nesta terça-feira, um amigo de Anderson, que preferiu manter a identidade em sigilo por questão de segurança, disse ao UOL que recebeu ameaça por telefone logo após ter colocado nas redes sociais que a família, o Sindicato dos Jornalistas do Paraná e outras entidades relacionadas aos movimentos sociais estavam pressionando as autoridades para que o caso seja considerado como o de sequestro com motivação política.

“Logo depois que eu divulguei a informação recebi um telefonema. Não demorou cinco minutos. Uma pessoa me perguntou se eu queria ser o próximo a desaparecer e ameaçou que se eu continuasse seria um candidato a desaparecer”, relatou o amigo do jornalista desaparecido.

Para o procurador Batisti, nenhuma hipótese está descartada, mas fez ressalvas à possibilidade de sequestro. “Pelo menos até agora não podemos confirmar esta tese. Até porque, com relação ao episódio de 2008, não houve repercussão penal no julgamento da ação proposta pelo jornalista. Então, não teríamos aqui uma motivação”, disse o coordenador do Gaeco.

O delegado Sivanei Gomes é mais enfático ao avaliar esta possibilidade. “Não temos nenhuma evidência palpável, nenhuma questão relevante que confirme isso. Mas nada está descartado”, disse Gomes. O Gaeco e o Grupo Tigre estão tentando refazer o trajeto feito pelo jornalista de Curitiba para Quatro Barras, analisando as ligações telefônicas e procurando localizar o carro do jornalista.