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MP pede reabertura de inquérito sobre morte de Matsunaga para investigar 3ª pessoa na cena do crime

Elize Araújo Kitano Matsunaga disse, durante as investigações, que assassinou e esquartejou o marido sozinha - Diogo Moreira/Agência Estado
Elize Araújo Kitano Matsunaga disse, durante as investigações, que assassinou e esquartejou o marido sozinha Imagem: Diogo Moreira/Agência Estado

Fabiana Nanô

Do UOL, em São Paulo

17/10/2012 15h58Atualizada em 17/10/2012 16h43

O promotor de Justiça José Carlos Cosenzo, do 5º Tribunal do Júri da capital paulista, informou nesta quarta-feira (17) que vai pedir a reabertura do inquérito que investiga a morte do empresário Marcos Kitano Matsunaga, ex-diretor executivo da Yoki, morto no dia 19 de maio deste ano. O Ministério Público quer apurar a presença de uma terceira pessoa na cena do crime.

O primeiro inquérito concluiu que Elize Matsunaga, mulher de Marcos, assassinou e esquartejou o marido. Ela confessou o crime. Durante as investigações, porém, Elize negou a participação de uma terceira pessoa, mas, segundo Cosenzo, foram encontrados três tipos sanguíneos no local do esquartejamento, a suíte do apartamento do casal. O primeiro é de Marcos Matsunaga, o segundo supõe-se que seja de Elize e a identidade do terceiro, do sexo masculino, é o que quer descobrir a nova investigação.

"Estou tentando buscar essa terceira pessoa. Há suspeitas, mas agora não sei se iremos identificar", disse o promotor. Segundo os laudos, ainda não é possível esclarecer quando este terceiro DNA apareceu na cena do crime, se antes, durante ou depois. Cosenzo acredita que Elize atirou em Marcos sozinha, mas foi auxiliada no esquartejamento.

Outro indício apontado pela promotoria para a confirmação da participação de uma terceira pessoa é que os cortes na região abdominal e membros inferiores do corpo de Marcos têm características de terem sido feitos por alguém com noções de anatomia. Elize é técnica em enfermagem. Já os cortes nos membros superiores aparentam terem sido mais retalhados.

Esse inquérito vai ficar novamente a cargo do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), que fará um outro laudo e confrontará com os anteriores. O MP já ouviu cinco pessoas e pretende coletar material biológico de todos os suspeitos para confrontar com o que foi encontrado na suíte. Essa terceira pessoa poderá responder por coautoria de homicídio e ocultação de cadáver.

"Não consegui me convencer de que ela sozinha, com seu porte franzino, conseguisse fazer tudo isso ali", disse o promotor. "Se vamos encontrar ou não [essa terceira pessoa] eu não sei, mas temos a probabilidade de estar não muito longe dela", completou, sem citar qualquer nome. "Deve ser uma pessoa de amizade, de confiança da família", sinalizou.

Cosenzo afasta ainda a teoria usada pela defesa da Elize de que a morte tenha sido realizada no calor de uma discussão. "O crime foi claramente premeditado", afirmou.

O crime

Um suposto caso extraconjugal teria sido o motivo de uma briga entre o casal no último dia 19 de maio, que culminou com a morte do executivo. Elize era casada desde 2009 com Marcos, com quem tinha uma filha de um ano. O crime ocorreu no apartamento do casal, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo.

Em depoimento à polícia no dia 6 de junho, Elize disse ter matado Matsunaga com um tiro de pistola calibre 380 na cabeça após uma discussão, quando ela contou ao marido que havia contratado um detetive e descoberto que o empresário havia saído com outras mulheres no mês passado. “O marido deu um tapa no rosto dela e seguiu agredindo-a verbalmente; falou coisas bem pesadas”, disse o advogado.

No dia 20 de junho, Elize Matsunaga foi transferida da Cadeia Pública de Itapevi, na região metropolitana de São Paulo, para o Presídio Feminino de Tremembé, no interior paulista.

O Complexo Penitenciário do Tremembé é conhecido por receber acusados em casos de grande repercussão, como Suzane von Richthofen e Anna Carolina Jatobá.

À época, o advogado de defesa de Elize, Luciano de Freitas Santoro, afirmou ao UOL que Matsunaga havia traído a mulher quando ela estava grávida, há cerca de dois anos.

“O casamento já não andava bem de uns seis meses para cá. Ela descobriu que ele a tinha traído de novo. Porque a primeira vez tinha sido há uns dois anos, quando ela estava grávida”, afirmou Santoro.