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Hospital confirma 15ª morte de vítima de acidente com ônibus na Rio-Teresópolis

O acidente com um ônibus da Viação 1001 provocou 15 mortes e deixou 14 pessoas feridas, na rodovia BR-116 (Rio-Teresópolis), na região serrana do Rio de Janeiro. O veículo descia a serra em direção à capital fluminense quando tombou na pista, e acabou caindo em uma ribanceira na altura de Guapimirim, na Baixada Fluminense. - Domingos Peixoto/Agência O Globo
O acidente com um ônibus da Viação 1001 provocou 15 mortes e deixou 14 pessoas feridas, na rodovia BR-116 (Rio-Teresópolis), na região serrana do Rio de Janeiro. O veículo descia a serra em direção à capital fluminense quando tombou na pista, e acabou caindo em uma ribanceira na altura de Guapimirim, na Baixada Fluminense. Imagem: Domingos Peixoto/Agência O Globo

Do UOL, no Rio

24/10/2012 11h17Atualizada em 24/10/2012 12h44

O Hospital das Clínicas de Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, confirmou na manhã desta quarta-feira (24) a morte de Ernestina Santos, 62, uma das vítimas do acidente com um ônibus da Auto Viação 1001 na BR-116 (Rio-Teresópolis), há dois dias. A idosa é a 15ª vítima fatal da tragédia.

Santos estava internada no CTI da unidade com lesões no crânio, tórax e abdômen. A idosa, que costumava viajar de carro antes de descobrir que estava com catarata, fazia pela primeira vez, de ônibus, o trajeto entre Santo Antônio de Pádua, no interior do Estado, e a capital fluminense, segundo relatos de parentes.

A vítima estava acompanhada da cunhada Zenalda Pereira Frades, 73, que também morreu no acidente --ela chegou a ser levada para o hospital de Saracuruna, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, mas não resistiu aos ferimentos.

Segundo o último boletim do Hospital das Clínicas, seguem internados na unidade os pacientes Clégio de Andrade, 56, Maria Célia Dinez, 60, Reiner Neas, 61, Amilcar de Oliveira, 56, Cláudia Maria da Silva, 42, e Paolla Alves de Faria, 24.

Na terça-feira (23), receberam alta Daniel dos Santos Oliveira, 25, Welika de Souza Malaquias, 21, Vanilton Sena de Souza, 43, Émerson Turques da Silva, 14, Saulo Pavan Valleriate, 21, e Maria Eduarda de Paula Lopes, 4. O quadro clínico será informado durante a tarde.

Já no hospital Miguel Couto, no Leblon, na zona sul do Rio, estão internados Frankin Kern (que está em estado grave) e Vera Lúcia de Paula Lopes (cujo quadro clínico é estável). Esta última sofreu apenas um ferimento no ombro.

Pessoas gritaram que o ônibus estava sem freio, diz vítima

Em nota, a Polícia Civil divulgou os nomes de oito vítimas fatais identificadas pelo IML do Rio: José Neves Mota, Edes Moraes da Silva, Charles Estellita André, Maria Aparecida Mota Neves, Ilma da Silva Florido, Lúcia Florido Turques da Silva, Jussara Nelon Magacho e Osvaldo Wilson Dias da Costa. O motorista, identificado como Eduardo Fernandes, 44, também morreu no acidente.

Completam a lista de vítimas fatais divulgada pela Auto Viação 1001: Uschi Kern, Zenalda Pereira Frades, Márcio Luís Ramos, Guiomar Pereira da Silva e José Severino da Silva. De acordo com a empresa, quatro sobreviventes foram submetidos a intervenções cirúrgicas em função dos ferimentos causados pelo acidente.

Empresa recebeu 553 multas

Segundo dados do Detro (Departamento de Transportes Rodoviários do Rio de Janeiro), a Auto Viação 1001 recebeu 553 multas neste ano, sendo a empresa com o maior número de punições aplicadas pelo órgão entre janeiro e outubro de 2012.

De acordo com o Detro, o panorama estatístico é diretamente influenciado pelo fato de a 1001 ter a maior frota do Estado: cerca de mil veículos. Ou seja, considerando a análise proporcional, a empresa não seria considerada "problemática", conforme explicou a assessoria do órgão. No ano passado, foram registradas 933 multas entre janeiro e dezembro.

Em relação ao número de reclamações recebidas pela ouvidoria do Detro, a Auto Viação 1001 é a quinta colocada no ranking, levando em conta números absolutos --foram 320 reclamações.

Os dados mostram que a insatisfação dos clientes aumentou em relação ao ano passado, pois a empresa teve apenas 320 reclamações entre janeiro e dezembro de 2011 (na ocasião, ocupava o 22ª na lista).

As principais irregularidades que geraram multas para a empresa foram descumprimento de quadro tarifário, falta de selo ou certificado, selo vencido, iluminação deficiente e descumprimento de editais. Entre as irregularidades, há falta de inspeção anual obrigatória nos veículos.

Ônibus foi vistoriado antes de acidente

A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) realizou duas vistorias no ônibus que caiu em uma ribanceira na BR-116 (Rio-Teresópolis) poucas horas antes da tragédia. O veículo foi examinado na rodoviária de Itaperuna, cidade interiorana na qual iniciou a viagem, e posteriormente durante procedimento de pesagem em Teresópolis, na região serrana.

  • Arte/UOL

Não foram constatados problemas em relação às condições de segurança e higiene. Em nota, a ANTT ressaltou não possuir "condições de fazer vistoria mecânica".

Na versão da Auto Viação 1001, a última vistoria mecânica preventiva realizada no ônibus do acidente ocorreu no dia 10 de outubro. A ANTT não soube informar se há uma periodicidade fixa para que sejam regularmente vistoriados os veículos das empresas de transporte rodoviário.

Segundo o órgão, a empresa já foi obrigada a pagar neste ano cerca de R$ 550 mil -- foram 183 autos de infração registrados a partir da fiscalização de mais de sete mil viagens. No ano passado, a empresa recebeu 305 multas.

Entre as punições aplicadas pela ANTT, houve casos relacionados a extintores de incêndio vencidos e tacógrafos (aparelho que mede a velocidade) sem lacre.

Condições da estrada

Segundo levantamento da CNT (Confederação Nacional do Transporte), divulgado em 2011, a situação estrutural da BR-116 é classificada como "boa" nos critérios "estado geral" e "pavimentação". Em relação à sinalização, o estado é considerado "ótimo".

  • Divulgação/Concessionária Rio-Teresópolis

    Placa sinalizando curva à direita na altura do km 102 da BR-116, onde houve o acidente com o ônibus da Auto Viação 1001. Em levantamento feito no ano passado, a CNT aprovou as condições da via. A foto acima foi tirada antes da tragédia.

Os resultados são referentes aos trechos administrados pela concessionária CRT (Concessionária Rio-Teresópolis), que representam 353 km no total. O trecho no qual houve o acidente, na altura do km 102 (nas proximidades de Guapimirim), faz parte do perímetro avaliado positivamente pela CNT.

De acordo com a empresa, não há registro recente de acidente com vítimas fatais no mesmo ponto da tragédia envolvendo o ônibus da Auto Viação 1001.

Na segunda-feira (22), o chefe da 4ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal, em Magé, que é responsável pelo trecho no qual houve a tragédia, já havia afirmado à imprensa que o local não teria estatísticas significativas em relação a acidentes de trânsito.

Alta velocidade

A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga se o ônibus da Auto Viação 1001 que caiu em uma ribanceira na rodovia BR-116 (Rio-Teresópolis), na segunda-feira (22), provocando a morte de pelo menos 14 pessoas, estava em alta velocidade. A informação foi passada por duas testemunhas que estavam em um carro atingido pelo ônibus antes da queda.

Segundo estimativa inicial da PRF (Polícia Rodoviária Federal), que participou da operação de resgate, o ônibus estaria sendo conduzido a 80 km/h --o limite da via é de 60 km/h.

Na terça-feira (23), agentes do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli) realizaram perícia na carcaça do ônibus --o laudo, cujo prazo de conclusão é de 15 dias, confirmará ou não a hipótese sobre excesso de velocidade.

Uma perícia prévia no local do acidente realizada por investigadores da delegacia de Guapimirim (67ª DP) indica que o motorista do ônibus (uma das 14 vítimas fatais) pode ter perdido o controle da direção em razão de uma falha no sistema de frenagem. Segundo a Auto Viação 1001, além do condutor, 30 pessoas estavam no ônibus --a capacidade era de 40 lugares.

De acordo com a Polícia Civil, a ocorrência foi registrada como homicídio culposo e lesão corporal culposa. O novo delegado da 67ª DP, Alan Luxardo, que assumiu o cargo nesta terça-feira, deve colher novos depoimentos nos próximos dias.

O motorista do ônibus, Eduardo Fernandes, 44, que morreu no local, estava na empresa havia quatro anos. Na versão da Auto Viação 1001, o veículo "estava com toda a manutenção preventiva em dia" e não apresentou "nenhuma anormalidade técnica" em viagens anteriores.

Segundo informações passadas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), no entanto, que colabora com a Polícia Civil, uma outra linha de investigação diz respeito à possibilidade de o condutor ter se sentido mal ao volante. O ex-titular da 67ª DP, Luiz Lima Ramos Filho, solicitou exames para checar a hipótese.

Ônibus atingiu carro com casal

As testemunhas que afirmaram à polícia terem observado o suposto excesso de velocidade do ônibus são um homem de 65 anos, cuja identidade não foi divulgada, e sua mulher, a técnica de enfermagem Sônia Rodrigues, moradores de Teresópolis.

"Foi tudo muito rápido, parecia uma ultrapassagem. O ônibus invadiu nossa pista e, quando ele estava voltando para a pista dele, a traseira atingiu nosso carro. Não vimos que ele tinha caído na ribanceira", contou Rodrigues à imprensa, no local.

Antes de despencar, e aparentemente já descontrolado, o ônibus atingiu o Renault Sandero do casal, que seguia no sentido oposto da rodovia.