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Júri do caso Eliza termina com clima de satisfação; mãe de Macarrão diz que "foi feita justiça"

Guilherme Balza

Do UOL, em Contagem (MG)

24/11/2012 06h00

O júri do caso Eliza Samudio, realizado na última semana no Fórum de Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte) terminou em meio a um clima de “acordão”, embora o promotor Henry Castro tenha negado ter negociado a confissão de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, condenado a 15 anos de prisão pelos crimes de homicídio –triplamente qualificado-, sequestro e cárcere privado da modelo.

Minutos após o final da leitura da sentença, Castro dirigiu-se a mãe do condenado e afirmou que o “comportamento dele neste julgamento foi muito digno”. “Ele está tendo o melhor recomeço possível para a vida dele”, afirmou. “Nós pedimos tanto a Deus...”, respondeu Luciene.

Em seguida, Castro emendou: “A senhora tem todo motivo para se envaidecer do que ele fez. Primeiramente por si, depois, pelo caso. Daqui para frente, vou procurar servi-lo, como promotor de Justiça. Vou ficar à disposição”, continuou o promotor. “Foi feita a justiça”, respondeu ela.

Entre os parentes de Macarrão, o choro tinha tons de alívio em razão da pena imposta ao réu, reduzida em oito anos por conta da confissão, sentença que o advogado do ex-goleiro Bruno Souza, Lúcio Adolfo da Silva, considerou “um absurdo.”

Já José Arteiro, assistente de acusação e advogado da Sônia de Fátima Moura, mãe de Eliza, comemorou junto a cerca de 50 pessoas que aguardavam o final do julgamento no fórum. Orgulhoso, ele esbravejava ter sido o responsável pelo o que chamou de “acordo” entre acusação e defesa. “Eu fiz o acordo e todo mundo saiu ganhando”, disse.

Na conta do promotor, Macarrão deixará a penitenciária Nelson Hungria daqui a dois anos e meio, completando cinco anos de reclusão. O réu, ao final do julgamento, chorou de maneira contida e com ar de alívio. Depois, abraçou familiares.

Luciano Diniz, advogado de Macarrão, também negou o acordo e disse que o réu “percebeu que se ele confessasse ele seria beneficiado”. Ao final do júri, ele disse estar “com a sensação de dever cumprido.”

Veja como foi cada dia do julgamento

1º diaMarcos Aparecido dos Santos, o Bola, fica sem advogado depois que Ércio Quaresma se recusa a fazer sua defesa preliminar no tempo estabelecido pela juíza. Bola, então, rejeita um defensor público. Com isso, ele tem seu julgamento adiado para data ainda a ser definida
 A juíza dispensa sete jurados que participaram de outro júri de Bola e o absolveram da morte de um carcereiro
 Fernando Diniz, advogado do Luiz Henrique Romão, o Macarrão, também ameaçou abandonar a defesa, mas voltou atrás
 Também nesta segunda-feira foram definidos os sete jurados que decidirão o futuro dos réus. O corpo de jurados ficou definido com seis mulheres e um homem
2º dia O segundo dia do júri do caso Eliza Samudio foi marcado pela substituição de um dos advogados do goleiro Bruno Fernandes e terminou com um momento de intimidade entre o ex-jogador e sua atual namorada Ingrid Oliveira.
  Bruno dispensou o advogado Rui Pimenta, que disse estar surpreso.
 A sessão de hoje foi marcada também pelo choro de Dayanne de Souza, ex-mulher do jogador, e Fernanda de Castro, ex-amante do goleiro, ambas acusadas de participação no desaparecimento de Eliza Samudio.
 Por um pedido da Promotoria, a juíza Marixa Fabiane decidiu desmembrar o julgamento de Dayanne, de modo que o advogado Francisco Simim passasse a defender apenas Bruno neste júri. Com isso, ela será julgada em outra data.
  A juíza Marixa Fabiane aplicou uma multa de R$ 18,7 mil para os três advogados de Bola, que abandonaram o júri.
3º dia Em outro dia tumultuado, o ex-goleiro Bruno conseguiu ter seu julgamento desmembrado. Ele será julgado em 4 de março de 2013.
  Macarrão depôs e incriminou Bruno. Ele disse que o ex-goleiro pediu para ele levar Eliza para um local perto da Toca da Raposa. Lá, ela desceu do carro que ele dirigia e foi colocada em um Pálio preto. Ele, no entanto, não disse textualmente que Eliza está morta.
4º dia No quarto dia do julgamento, só Fernanda Castro, ex-amante de Bruno, prestou depoimento. Ela disse que só soube da morte de Eliza por causa do depoimento de Macarrão, dado na quinta-feira (22), na madrugada.
5º dia Depois de intensos debates entre acusação e defesa, que começaram por volta das 9h e só terminaram depois das 23h, os jurados condenam Macarrão a 15 anos e Fernanda Castro a cinco anos.