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Na UnB, professores e colegas relembram as curvas e a diversidade da obra de Niemeyer

Do UOL, em São Paulo

06/12/2012 10h33

Ex-professor de arquitetura e um dos fundadores da Universidade de Brasília (UnB), Oscar Niemeyer foi lembrado por professores e colegas de trabalho como um dos mais inventivos arquitetos do mundo. Reconhecido internacionalmente por suas obras, o modernista compõe, ao lado de Darcy Ribeiro e de Anísio Teixeira, o tripé fundador da Universidade de Brasília.

“Quando se fala em Niemeyer, imediatamente vemos, na pessoa dele, o projeto de Brasília. Mas, não só isso. Enxergamos ainda a UnB e as obras marcantes que ele deixou no Brasil e no mundo. É fácil reconhecer as características de suas obras porque seus projetos arquitetônicos chamam a atenção por sua grandiosidade. Seus traços são reconhecidos ainda em arquitetos que sofreram a sua influência”, disse a vice-reitora da universidade, Sonia Bao.

Cláudio Queiroz, professor de arquitetura da UnB, trabalhou como assistente de Niemeyer na Argélia por nove anos, de 1973 a 1984. Para ele, Niemeyer “é o arquiteto que construiu a obra mais diversa em toda a história da civilização humana, com sua presença inscrita em todos os continentes”. “É possível reconhecer uma obra sua em qualquer canto do mundo, a partir das suas singularíssimas curvas, traços, movimentos”, completa Queiroz.

Miguel Alves Pereira, professor aposentado, foi diretor da Faculdade de Arquitetura da UnB de 1968 a 1976, relembrou que Niemeyer “sofria intimamente com a coisa de ser comunista e fazer arquitetura para os burgueses, m as livrava-se do dilema ao entender que a beleza era uma força revolucionária”.

“Ele trabalhava com a beleza e pela beleza. E dizia que os pobres merecem eles também a beleza. Sempre foi uma referência. Foi ele que criou a experiência revolucionária da Escola de Arquitetura da UnB, mesmo sem nunca ter sido professor por vocação. Foi ele também quem criou o Ceplan vinculado à Escola, desenvolvendo trabalho com professores, que, por consequência, traziam junto os alunos para os projetos”, disse Pereira.

Aleixo Furtado, arquiteto e professor, trabalhou junto com Niemeyer em Brasília em  projetos como o Palácio do Itamaraty, Teatro Nacional e o Cine Brasília, disse que o tempo dividido com Niemeyer “foi um aprendizado inesquecível” e que ele foi como um Beethoven da arquitetura.

“Um dos mais extraordinários brasileiros de todos os tempos, um gênio absoluto, que deveria ser tombado como patrimônio histórico e cultural da humanidade. Diria, sem medo de errar, que ele é o nosso Beethoven. O maior músico de todos os tempos é alemão e o maior arquiteto de todos os tempos é um brasileiro. Como Beethoven fazia arquitetura, Niemeyer fazia música”, disse Furtado.

Oscar Niemeyer morreu na noite de ontem (5), no Hospital Samaritano, em Botafogo, onde estava internado desde o dia 2 de novembro, vítima de complicações renais e desidratação. Por causa de uma infecção respiratória, o arquiteto que estava na unidade intermediária do hospital, ficou sedado e respirando com auxílio de aparelhos. Niemeyer morreu às 21h55. Ele completaria 105 anos no próximo dias 15.(Com informações da agência UnB)