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Vítima de agressão em Pinheiros reafirma motivação homofóbica; veja vídeo

Do UOL, em São Paulo

06/12/2012 17h05

O estudante de direito André Cardoso Gomes Baliera, 27, --agredido por dois jovens na segunda-feira (3) em Pinheiros (zona oeste de São Paulo)-- postou um vídeo nesta quinta-feira (6) reafirmando que foi vítima de homofobia.

Joel Cordaro, advogado do personal trainer Diego Mosca Lorena de Souza, 29, e do estudante de logística Bruno Paulossi Portieri, 25, afirmou na quarta-feira (5) que não houve homofobia.

Os dois foram presos em flagrante e indiciados por tentativa de homicídio. A coordenadora de Políticas para a Diversidade Sexual, Heloísa Gama Alves, afirmou que Souza e Portieri serão denunciados com base na lei paulista anti-homofobia (10.948/2001).

“Tudo começou porque o cara mais alto, o Bruno, ele começou me ofendendo sim por conta da minha orientação sexual. Aí eles dizem que não tem como saber que eu sou gay, mas tem sim, porque eu não escondo. Então se eu tenho trejeitos, talvez minha maneira de se vestir, enfim, não sei. Fato é que eles começaram me ofendendo por conta da minha orientação sexual e tudo acabou como acabou”, afirmou Baliera no vídeo.

De acordo com a Polícia Militar, Baliera voltava de uma farmácia a pé quando foi xingado pelos dois rapazes que estavam em um carro parado na esquina das ruas Teodoro Sampaio com a Henrique Schaumann.

Em seu depoimento prestado na polícia, a vítima diz que foi chamada de "veado, filho da puta e bicha do caralho" ao atravessar a rua.

Após Baliera revidar os insultos, Portieri e Souza desceram e lhe deram chutes e socos.

PMs que estavam perto do local detiveram os agressores e os levaram ao 91º DP, onde foram autuados em flagrante por tentativa de homicídio.

Baliera sofreu um corte na cabeça e ficou com hematomas. Ele foi levado a um hospital e liberado em seguida.

O advogado dos agressores, no entanto, afirmou que a discussão começou após os agressores pararem na faixa de pedestre. O estudante de direito teria mostrado o dedo do meio para os dois.

“O Bruno desceu do carro, discutiu com ele [Baliera], falou para ele ir embora e voltou. Nisso, ele pegou uma pedra e jogou no carro, só que a pedra não acertou no carro. O Diego, que estava dirigindo, entrou no posto de gasolina com o carro, desceu e foi falar com a vitima”, diz o advogado.

Ainda de acordo com o defensor, Baliera está se fazendo de “coitadinho”. “No próprio depoimento da vitima, ele fala que depois que quebraram o fone de ouvido dele, ele quebrou o óculos de um dos meus clientes. Ele está dando versão de que não fez nada, que é coitadinho, mas se ele não quisesse brigar, ele teria virado as costas e ido embora. Ele quis arrumar confusão”, disse Cordaro.

No vídeo postado hoje por Baliera, ele agradece às três testemunhas que foram até a delegacia com ele "ratificando" a versão dele e "mostrando que eles são dois animais".

"Eles estão alegando, também, que o que eu quero é publicidade. Aí eu queria dizer que qual é a razão de querer publicidade quando a publicidade vem com exposição a minha família, com exposição a minha vida, com isso, com essa marca. Qual a razão de querer isso? A única coisa que quero é justiça (...) a gente tem que fazer isso parar. Eu não quero ter que apanhar outra vez. Eu não quero ter que fingir que eu sou quem não sou para poder chegar em casa com segurança", disse Baliera emocionado.

  • Protesto organizado para o sábado (8) no mesmo local onde o estudante foi agredido

Cordaro entrou com um pedido de liberdade provisória e relaxamento de flagrante, já que os dois detidos são primários, têm residências fixas e trabalham.

O caso está sendo investigado pelo 14º DP (Pinheiros).

Caso a denúncia, que será proposta pelo Centro de Combate a Homofobia da Prefeitura de São Paulo, seja aceita, Portieri e Diego Souza serão processados na esfera administrativa pela Secretária da Justiça e Cidadania e poderão ser condenados a pagar multa que varia de 1.000 Ufesp´s (R$ 18 mil) a 3.000 Ufesp´s (R$ 54 mil). O processo deverá ser julgado por uma comissão processante que, desde 2001, já julgou mais de 260 denúncias de homofobia.

Protesto

O projeto #EuSouGay lançou uma campanha contra homofobia e está organizando um protesto no mesmo local da agressão no próximo sábado (8), às 15h.

O evento #ChurrascãodasCabras no Facebook já tem mais 600 presenças confirmadas.

“(...) nada se compara à dor de quem sofre na pele a violência da intolerância e do ódio. Um ódio que, vale lembrar, não nasce com ninguém. É um ódio ensinado, às vezes por uma pessoa próxima, às vezes por uma revista semanal... Portanto, vai aqui uma convocação geral para quem tem amor no coração: Gays, Lésbicas, Bisexuais, Transexuais, Heterosexuais, Pansexuais e CABRAsexuais, está na hora de fazer esse ódio de churrasquinho”, diz a página do evento.