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Advogados que abandonaram júri poderão voltar à defesa de Bola, diz juíza em Minas Gerais

Ércio Quaresma, um dos advogados de Bola, deixa Fórum de Contagem (MG) após abandonar júri, em novembro do ano passado - Washington Alves/UOL
Ércio Quaresma, um dos advogados de Bola, deixa Fórum de Contagem (MG) após abandonar júri, em novembro do ano passado Imagem: Washington Alves/UOL

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

14/01/2013 10h44

A juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do 1º Tribunal do Júri de Contagem, autorizou a volta dos advogados Ércio Quaresma e Fernando Magalhães à defesa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ter matado Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Souza, em junho de 2010.

Em novembro do ano passado, os advogados haviam abandonado o plenário do Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte), durante o início do julgamento dos réus acusados da morte da moça.

A alegação dada foi que a magistrada não teria dado tempo suficiente para a apresentação das considerações preliminares aos jurados.  Os advogados enxergaram um “cerceamento de defesa”. Após o abandono dos advogados, a juíza desmembrou o processo em relação ao acusado, que será julgado em março deste ano juntamente com o goleiro Bruno e sua ex-mulher Dayanne de Souza.

Na decisão dada pela juíza, que deverá ser publicada nesta terça-feira (15) no “Diário Eletrônico do Judiciário”, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), os advogados estão autorizados a retornar ao caso, mas a multa de 30 salários mínimos (R$ 18.660) aplicada à época a cada um deles foi mantida pela magistrada, informou a assessoria do tribunal.

Já Zanone Júnior, outro advogado que fazia parte da defesa de Bola e tinha abandonado o plenário, não teve o pedido de inclusão do seu nome na petição analisada pela juíza. A multa de 30 salários mínimos foi mantida para ele.

Ao aplicar a penalidade aos defensores de Bola, a juíza relembrou o gasto público com o “estupendo aparato de segurança” montado para o julgamento e que o abandono teria sido feito “sem razão juridicamente relevante”. O UOL está tentando contato com os advogados Ércio Quaresma e Fernando Magalhães.

Júri popular

O julgamento feito em novembro do ano passado foi marcado por desmembramentos do processo e reviravolta no caso. Inicialmente, seriam julgados o goleiro Bruno, a ex-mulher Dayanne de Souza, o ex-policial Marcos Aparecidos dos Santos e Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, e Fernando Castro, ex-amante do goleiro.

No entanto, somente os dois últimos foram julgados porque houve o desmembramento do processo em relação a Bruno, Bola e Dayanne por conta de manobras da defesa dos réus.

O júri popular culminou na condenação de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, a 15 anos de prisão, em regime fechado, pelo sequestro, cárcere privado e morte de Eliza Samudio.

O júri popular

O julgamento pelo sumiço de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno, seria feito com cinco réus, em novembro do ano passado. Mas, após manobra dos advogados, houve desmembramento em relação a três deles, que serão julgados em março de 2013: o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, Dayanne de Souza, ex- mulher do jogador, e o próprio goleiro. Após incriminar o jogador, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, foi condenado a 15 anos de prisão em regime fechado. Fernanda Castro, ex-amante do jogador, foi condenada a 5 anos de prisão, em regime aberto.

Na mesma sessão, Fernanda Castro, outra ex-amante do goleiro, foi condenada a cinco anos de prisão pelos crimes de sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela, hoje com dois anos e sete meses de idade. Como a sentença foi inferior a seis anos, Fernanda irá cumpri-la em regime aberto.

Durante seu depoimento dado à juíza, Macarrão responsabilizou o goleiro pelo desaparecimento de Eliza. Em 10 de junho de 2010, o jogador teria pedido a ele que levasse a vítima para um ponto em frente à Toca da Raposa, centro de treinamento do Cruzeiro, em Belo Horizonte. Lá, uma pessoa estaria esperando por Eliza para matá-la.

“Larga de ser bundão”

O réu afirmou sentir um "clima estranho" quando Bruno lhe pediu para que levasse Eliza, em sua Ecosport. “Eu disse ‘cara, me conta que o tá acontecendo’”, relata Macarrão. ”Qualquer coisa que acontecer todo mundo vai me culpar”, teria afirmado ao amigo.

De acordo com Macarrão, Bruno respondeu, batendo no peito. “Larga de ser bundão, é comigo. Aqui é o Bruno." O acusado diz que tentou argumentar, mas Bruno não o ouviu. “Eu disse: ‘não nasci para isso, não’”. Na sequência, ele teria aceitado levar Eliza por ser subordinado a Bruno.

“Tô indo sim, como seu funcionário, mas quero que você saiba que você está acabando com a sua carreira”, relatou Macarrão. Questionado pela juíza Marixa Fabiane se "pressentia" que Bruno estava pedindo para levar Eliza com o objetivo de matá-la, Macarrão respondeu que sim.

Macarrão está recluso desde julho de 2010 na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem. Fernanda Castro chegou a ser presa em agosto de 2010, mas ganhou a liberdade em dezembro do mesmo ano e, desde então, responde em liberdade.

Outros réus do caso, Wemerson Marques de Souza, amigo de Bruno, e Elenílson Vítor da Silva, o Coxinha, ex-caseiro do sítio do goleiro, também irão a júri, sem data definida.