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Operação Verão da Defesa Civil alerta para incidência de raios; saiba como se proteger

Priscila Tieppo

Do UOL, em São Paulo

15/01/2013 00h32

O calor e a umidade típicos do verão propiciam a formação dos raios e é exatamente nesta época do ano que aumenta o número de mortes causadas por eles. Desde 1º de dezembro, quando começou a Operação Verão da Defesa Civil de São Paulo, até o último dia 14, sete pessoas morreram por causa de raios no Estado. Os números preocupam. O Brasil, por seu clima tropical, é o país com maior incidência deste fenômeno natural, com uma média anual de 57,8 milhões de raios, e soma mais de 1.500 mortes por esta causa, de 2000 a 2012, segundo dados do Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica) e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

A Operação Verão foi criada para ensinar a população a se proteger e para evitar casos como o do casal de turistas morto no último dia 6, na praia de Bertioga (103 km da capital paulista), litoral norte de São Paulo. Por volta das 16h30, Inês Pestana Cruz, 29, e Thiago Ribeiro da Costa, 31, andavam à beira-mar na praia do Centro quando o tempo mudou bruscamente e os dois foram atingidos por um raio.

Como se formam raios, relâmpagos e trovões?

RaiosO raio é uma descarga elétrica que ocorre geralmente durante uma tempestade, entre partículas com cargas negativas nas nuvens e positivas no solo
RelâmpagosO aquecimento do ar provocado pelo fenômeno gera um clarão conhecido como relâmpago
TrovõesO deslocamento do ar causado pelo aquecimento gera uma onda sonora que conhecemos como trovão

Um dia depois, em Porto Alegre (RS), a turista argentina Norma González, 47, descia de um táxi durante uma tempestade quando pisou numa poça d’água e morreu eletrocutada.

Desses dois casos é possível tirar algumas lições. A primeira regra é evitar lugares abertos, como praias ou campos de futebol, por exemplo, durante uma tempestade e, assim que ela começar, procurar abrigo sob alguma edificação. Outra orientação é, se estiver dentro de um carro, permanecer nele sem encostar nas partes metálicas. Os veículos, quando fechados, são bastante seguros durante uma chuva.

Segundo a tenente Aline Betânia, da Defesa Civil do Estado de São Paulo, a maior parte das mortes acontece porque as pessoas se colocam em situações de risco. “É por isso que existe a Operação Verão, para conscientização da população que desconhece certos procedimentos”, afirmou.

Na cartilha do Elat, disponível no site do grupo, além das regras acima há outras medidas que devem ser tomadas para se proteger de um raio:

- Abrigar-se numa edificação –prédio, casa ou metrô– fechada, sem partes abertas;

- Não ficar próximo a carros, tratores, motos ou bicicletas;

- Não ficar perto de aparelhos elétricos, tais como telefone com fio ou celular conectado ao carregador;

- Evitar o contato com água e metal, que são condutores de eletricidade. O cobre e o alumínio presentes nos postes atraem raios, então fique longe deles. Mesmo quando já encontrou um abrigo, é importante evitar a proximidade com esses elementos;

- Ficar debaixo ou próximo de árvores é perigoso. O destino do raio é sempre a superfície (terra, concreto ou mar) e pode atingir quem estiver por perto.

Curiosidade

Como saber a que distância de você caiu um raio?
Para saber a que distância caiu um raio, você pode contar os segundos entre a aparição do relâmpago e o som do trovão. Divida esse tempo por três e vai ser igual à distância em quilômetros. Portanto, quanto mais próximos forem o clarão e o som do trovão, mais perto caiu o raio. Por exemplo: Se você contar seis segundos, dividindo por três, estaria a dois quilômetros do raio

Para o professor de meteorologia e pesquisador da Estação Meteorológica do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas), da USP (Universidade de São Paulo), Mário Festa, o mais importante é a pessoa sempre buscar abrigo, principalmente quando ouve um trovão ou vê o clarão de um relâmpago. “O trovão é uma forma de alerta. Mas as pessoas, quando estão na praia ou em um campo, querem sempre aproveitar até o último minuto. É aí que se colocam em risco”, disse.

O Estado de São Paulo é o recordista em vítimas fatais no país, de acordo com dados do Elat. Foram 248 mortes de 2000 a 2011. Os dados de 2012 ainda não foram fechados pelo grupo, mas o total deve passar de 250.

Parques

A lei 13.214 promulgada no município de São Paulo pela então prefeita Marta Suplicy, em 2001, decreta que lugares abertos e com grande concentração de pessoas devem possuir “sistema de proteção contra descargas elétricas atmosféricas e seus reflexos ou de sistema de detecção de proximidade de descargas elétricas atmosféricas, capaz de alertar a população da iminência da ocorrência de raios, em tempo suficiente para a evacuação da área com segurança”.

Segundo a Secretaria do Verde e Meio Ambiente, “os parques do Ibirapuera (zona sul), do Carmo (zona leste) e Anhanguera (zona norte) possuem sistema de para-raios. No Burle Marx (zona sul), estamos em fase de implantação. Além disso, os funcionários dos parques estão orientados a informar os usuários que, em caso de chuva forte, todos devem dirigir-se às edificações ou permanecer dentro de seus veículos”.

O parque Villa Lobos (zona oeste), administrado pelo governo de São Paulo, informou ter o sistema de para-raios, mas admite que ele não cobre todos os 732 mil metros quadrados de área verde do local. No início de 2011, uma funcionária do parque foi atingida pela faísca de um raio enquanto pedia para os usuários se protegerem. Ela ficou internada em estado grave por vários dias, mas sobreviveu.