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Voluntários apoiam parentes de vítimas em hospital de Santa Maria

 Laura Marin, 18, estudante de engenharia na UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) é voluntária no Hospital de Caridade, em Santa Maria (RS), onde estão internados algumas das vítimas da tragédia na boate Kiss - Renan Antunes de Oliveira /UOL
Laura Marin, 18, estudante de engenharia na UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) é voluntária no Hospital de Caridade, em Santa Maria (RS), onde estão internados algumas das vítimas da tragédia na boate Kiss Imagem: Renan Antunes de Oliveira /UOL

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Santa Maria (RS)

02/02/2013 15h21

Sete dias ajudando, confortando os feridos e, tão importante quanto, os parentes das vitimas da tragédia da boate Kiss --e os voluntários não dão nenhum sinal de que queiram parar.

Eles servem água  barras de cereais e bolachinhas. Parece pouco, mas não é: "Tudo que as pessoas querem é a nossa presença  Em troca, nós nos sentimos bem fazendo isto", diz Laura Marin, 18, uma entre dezenas de voluntários da tragédia de Santa Maria. 

Ela atua no Hospital de Caridade, mas a presença dos voluntários é notada em todos os hospitais onde tenha alguma vítima da tragédia do domingo 27, que já matou 236 pessoas.

Às 13 horas deste sábado, o Caridade estava no seu momento mais calmo desde o inicio da crise. Mas, em seus 15 andares, cerca de 180 pessoas, entre vítimas e familiares, ainda dependiam dos pequenos cuidados da turma.

Nos primeiros dias, a presença deles era livre em todas as áreas do hospital - o crachá era apenas um nome num esparadrapo, colado no peito, com a palavra "voluntário". Agora, a atividade deles foi limitada - podem ajudar parentes, mas foram proibidos de contatar pacientes.

Mesmo assim, Cesar Vieira, 30, coordenador informal das equipes do Caridade, disse que "ainda somos necessários. Ha casos de pessoas que estão com os pacientes que só vão se lembrar de comer uma barrinha de cereais quando a gente oferece" - ele está no último ano de Psicologia da UFSM e, por isto, foi escolhido coordenador.

A turma é toda muito jovem, como Caroline Canzian,18, vestibulanda de medicina. Ela disse que entrou no voluntariado  "como forma de ajudar as famílias, fico me sentindo prestativa, útil ".

Laura Marin conta que entrou no voluntariado no primeiro momento. Ela perdeu um amigo de infância.

Quando atua, fica satisfeita "só de ver que as pessoas se sentem  confortáveis com nossa presença". Caroline completa: " É difícil sorrir numa hora dessas, mas elas nos agradecem com sorrisos".

Na primeira semana da crise, as equipes trabalharam usando como espaço o saguão do hospital, sem sequer uma cadeira: "Foi na garra", diz Caroline.

Hoje o voluntariado ganhou uma sala nova, ao lado do Pronto Socorro. Com cadeiras.