Universidade de Santa Maria afrouxa provas por temer evasão após trauma do incêndio

Nada de provas individuais e muitos trabalhos em grupo. Essa é a orientação que psicólogos passaram para professores da Universidade Federal de Santa Maria, instituição que teve 116 alunos mortos no incêndio na boate Kiss, no último dia 27.

A UFSM retomou as aulas nesta segunda-feira (4) para completar o semestre até 6 de março, devido à greve no ano passado.

Os professores foram orientados a "flexibilizar" a cobrança dos alunos e ter "sensibilidade" nessa reta final de período letivo.

"Muitos estudantes estão traumatizados e desfocados. Então é injusta uma avaliação individual neste momento", diz Marian Moro, pró-reitora de assuntos estudantis da UFSM.

Ela também está responsável pelo Centro de Acolhimento, montado pela universidade. Lá um grupo de psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros vão atender os alunos que tiverem  necessidade de ajuda.

"Orientamos os professores também a perceber mudanças de comportamento dos alunos e técnicos para encaminhá-los ao nosso centro, que vai funcionar das 8h às 20h. O aluno que estiver muito retraído ou muito introvertido é o que mais nos preocupa."

Os psicólogos consideraram uma boa iniciativa que os alunos voltem à rotina escolar para ocupar a mente com atividades cotidianas, como estudar e retomar o conteúdo de seu interesse, desde que sem uma exigência que o angustie. Por isso também aconselharam provas de consulta livre.

Outra preocupação da faculdade é a evasão de alunos. Por isso Moro disse que devem ir atrás dos desistentes para tentar reorientá-los e fazê-los repensar a decisão de abandono da vida acadêmica.

Em 1º de abril, tem início um novo semestre na UFSM.