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Defesa de Gil Rugai aponta ex-funcionário de produtora da vítima como "verdadeiro suspeito" do crime

Ana Paula Rocha e Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

21/02/2013 21h20Atualizada em 21/02/2013 22h16

O advogado de defesa de Gil Rugai, Marcelo Feller, disse após o fim do interrogatório do réu nesta quinta-feira (21), em conversa com jornalistas, que o "verdadeiro suspeito" pela morte do pai e da madrasta do estudante é, na realidade, um assistente pessoal do empresário.

De acordo com Feller, Agnaldo Souza Silva havia sido demitido por Luiz Carlos cerca de um ano antes do assassinato, porém continuou trabalhando na empresa de maneira informal. Ele movia uma ação trabalhista de cerca de R$ 600 mil contra a produtora da vítima, a Referência Filmes, e teria tido a promessa, antes da demissão, de abrir uma cooperativa em parceria com seu então patrão.

Para o advogado, porém, outro indicativo de que Silva seria o verdadeiro suspeito dos assassinatos é o fato de apenas Gil Rugai e o ex-funcionário possuírem a chave da casa da vítima. “O Agnaldo com certeza deveria ter sido investigado, pois ele tinha a chave da casa, achava que o Luiz devia para ele R$ 600 mil e foi demitido porque seria aberta cooperativa na qual ele mandaria, mas o Luiz mudou de ideia e não abriu, e o Agnaldo não foi readmitido”, disse Feller. "Não sei se ele matou, mas me parece que ele tem bastante motivo, R$ 600 mil”.

Segundo a defesa, foi a partir de informações do ex-assistente pessoal e de uma suposta namorada dele que a polícia teria começado a desconfiar que Gil Rugai assassinara o casal após brigar com o pai. A tal briga teria ocorrido no dia 23 de março, cinco dias antes do crime.

No final do interrogatório de hoje, porém, os advogados mostraram que, no dia da suposta briga entre pai e filho, investigada como se tivesse sido na produtora entre as 19h e as 23h do dia 23, o estudante estava em um endereço diferente. Entre as ligações, há chamadas do celular de Gil Rugai para o pai e para a Referência Filmes, e também da produtora para o telefone do jovem no horário da suposta briga.

Perguntado então se o suspeito apontado pela defesa teria agido por vingança, Feller se esquivou: “Diferente do Ministério Público, não vou fazer uma acusação e dar motivos de algo que eu não sei. Mas se apenas duas pessoas têm a chave da casa das vítimas, no mínimo as duas tinham que ser investigadas”, concluiu. "É ele [Silva] quem dá o motivo mentiroso de que Gil e o pai teriam brigado, motivo este que, por incrível que pareça, é confirmado pelo [Antônio] Bazaia [Neto, testemunha de acusação]", afirmou o advogado.

Na terça-feira (19), em depoimento, o delegado do caso, Rodolfo Chiareli, disse ter chegado a Bazaia Neto após consultar agenda de Luiz Carlos que foi entregue à polícia pelo "assistente pessoal, Agnaldo". Instrutor de voo da vítima, Bazaia Neto foi quem relatou sobre a suposta briga entre pai e filho que teria sido contada a ele na quarta, dia 24 de março, pelo próprio aluno.

Sobre a relação que o ex-funcionário teria com a arma do crime --uma pistola 380 encontrada na caixa de águas pluviais do prédio onde funcionava a KTM, agência em que Gil era sócio--, o advogado respondeu: “o Agnaldo trabalhava de freelancer para o Gil na KTM”.

Indagado sobre as razões de não ter arrolado o ex-funcionário como testemunha, Feller alegou que a defesa não o localizou. “A gente só tem Google e lista telefônica para localizar as pessoas. Não temos todos os recursos que a Justiça têm”, justificou. Ele também disse que não acionou a Justiça para encontrar Silva porque temia que o ex-funcionário pudesse “confundir os jurados”.

Colocações são crime de calúnia, diz promotor

Para o promotor do caso, Rogério Zagallo, as colocações da defesa são "crime de calúnia". "[Os envolvidos] Podem solicitar reparação na área criminal, e, na área cível, indenizações por danos morais", declarou.

Zagallo também disse que teve informações de que a família Bazaia já estaria sofrendo prejuízos em função do que foi colocado em plenário pelos advogados do réu, que indagaram se o pai do instrutor teria relação com o tráfico internacional de drogas. Posteriormente, os defensores sugeriram que mesmo os assassinatos teriam relação com tráfico.

"Eles não estão preocupados em fazer a defesa de Gil Rugai, mas, sim, em achar pessoas para atacar", reforçou o assistente de acusação, Ubirajara Mangini.

O UOL tentou contato com cinco homônimos do ex-funcionário localizados em uma lista telefônica na internet, mas nenhum deles era o indivíduo citado em questão.