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Gil Rugai admite que gosta de munições e que fez curso de tiro; ele nega que esteve na casa do pai no final de semana do crime

Ana Paula Rocha e Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

21/02/2013 16h27Atualizada em 21/02/2013 19h24

O estudante Gil Rugai, 29, negou em juízo nesta quinta-feira (21) que possuísse arma de fogo, mas admitiu que gostava de munições diversas e que havia feito um curso de tiro em que o armamento usado era uma pistola 380 --mesmo modelo usado nos assassinatos do pai Luiz Carlos Rugai, e da madrasta Alessandra Troitino, dos quais é acusado. Ele também negou que tivesse ido na casa de seu pai no final de semana do assassinato.

Em resposta ao juiz Adílson Simoni, o réu se refere ao empresário sempre como "papai". Ele negou que tivesse brigado com o pai antes do assassinato, como alega a acusação para definir a motivação do crime, mas admitiu que já tinha sido demitido e readmitido da Referência Filmes (empresa da vítima) "mais dez vezes com certeza". A última havia sido em janeiro de 2004, dois meses antes do crime, mas a pedido dele próprio, fez questão de ressaltar.

Ele relatou também que não tem curso superior e que, desde os 17 anos, presta vestibular para medicina. Também aos 17 anos teria tentado desistir da carreira médica porque pretendia ordenar-se sacerdote.

No fim, não passou no vestibular e fez um curso de teologia apenas pela metade.

Rugai disse ainda que não esteve na casa onde o pai e a madrasta foram mortos no final de semana do crime. "Naquele fim de semana, não fui sozinho, nem acompanhado [na casa]", afirmou. "Tinha vários amigos que frequentavam minha casa, mas só os mais íntimos."

O réu também afirmou desconhecer qualquer inimigo no prédio em que trabalhava e onde a arma do crime foi encontrada.

Dia do crime

Gil Rugai afirmou que no domingo em que o pai e a madrasta foram mortos ele passou o dia todo na casa de uma amiga conhecida como "Folha". Ele diz que deve ter saído da casa dela às 21h, pois queria chegar a tempo numa sessão de cinema às 21h30, no shopping Frei Caneca.

"Tinha uma fila bem grande para assistir. Saí do shopping e estava indo para a KTM [empresa na qual trabalhava na época]", afirmou. Questionado pelo juiz sobre o fato de estar indo para a empresa no domingo, ele disse que tinha esse hábito. "Mesmo em momentos de prazer, eu passava lá", afirmou.

Rugai disse ter encontrado no escritório apenas a mulher do zelador do prédio, que fazia a limpeza do local. Ele afirmou que trocou de roupa por ter se molhado com a chuva. O réu disse que, de lá, saiu para jantar com um amiga e o namorado dela, entre 22h e 23h. Depois disso, a amiga teria levado-o para a casa da mãe até ficar sabendo, pelo telefone, que teria havido um problema na casa do pai.

Pai e madrasta

Durante todo o depoimento, Gil Rugai se referiu Luiz Carlos Rugai como "papai" e, na primeira vez que se referiu à madrasta Alessandra Troitino, a chamou de "Lelê" e foi advertido pelo juiz para se referir à moça pelo primeiro nome.

No fim do interregotório, o juiz listou nomes e pediu para que Gil Rugai dissesse se tinha algo contra algum deles. O réu não declarou ser contra nenhuma daquelas pessoas. Entretanto, com relação ao instrutor de voo Alberto Bazaia Neto disse não entender "porque ele deu aquele depoimento". Bazaia Neto disse ter ouvido do pai de Gil Rugai que o rapaz teria dado um desfalque na sua empresa.

Sobre o delegado Rodolfo Chiareli, que investigou o caso à época, Gil Rugai disse que ele não foi muito gentil durante os depoimentos que tomou. "Não tive boas experiências. Não é uma pessoa que eu tenha gostado de conhecer, mas ele não podia ficar com o caso aberto na mão", afirmou.