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Chuva no litoral paulista deixa dois mortos e centenas de desabrigados em Cubatão e São Sebastião

Do UOL, em São Paulo e em Cubatão

23/02/2013 17h32

A forte chuva que atingiu o litoral paulista nesta sexta-feira (22) deixou ao menos 256 desabrigados no município de Cubatão (56 km de São Paulo). De acordo com o Coordenaria Municipal de Defesa Civil de Cubatão (Comdec), chega a 27 o número de pontos de deslizamentos de terra e risco de desabamento. A prefeitura da cidade decretou estado de emergência no início da tarde deste sábado.

Uma mulher morreu na tarde de ontem após ser arrastada pela enxurrada que atingiu a Rodovia dos Imigrantes. A pista que liga a baixada santista à capital está interditada por tempo indeterminado. 

Em São Sebastião (191 km de São Paulo), pelo menos 130 pessoas ficaram desabrigadas, segundo a prefeitura da cidade. As fortes chuvas provocaram a morte de uma criança de 11 anos, que foi levada pelas águas de um córrego. 

Segundo a Defesa Civil Estadual, entre sexta-feria (22) e este sábado, choveu na região o equivalente a 192 milímetros, um volume de precipitação três vezes superior à média diária.

Além de Cubatão e São Sebastião, as chuvas atingiram os municípios de São Vicente, Guarujá e Ubatuba.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) sobrevoou nesta manhã a região da Baixada Santista. Equipes de técnicos do Instituto Geológico (IG) e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) avaliam os estragos provocados pela tempestade.

Em nota, o Governo do Estado de São Paulo informou que a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) foi acionada pra quem ninguém fique desabrigado. 

De acordo com a Defesa Civil do Estado de São Paulo, São Carlos e Ipaussu (no interior do Estado) também sofreram com as enchentes provocadas pelas chuvas.

Inundação destrói casas em Cubatão

Em Cubatão, a chuva afetou praticamente toda a cidade e provocou deslizamentos nos bairros de Cotas 95 e 200, Caminho dos Pilões, Vila Esperança, Vila São José, Vila Noé e Mantiqueira. 

A situação mais grave é a do bairro Água Fria, onde o transbordamento do rio Pilões provocou a inundação de dezenas de moradias. O nível da água chegou próximo a três metros. Segundo moradores ouvidos pelo UOL, a água bateu no teto em algumas casas. Pelo menos 980 famílias vivem no local, informou a prefeitura do município.

Vários moradores precisaram ser retirados do bairro com a ajuda do helicóptero da Polícia Militar e por homens do Corpo de Bombeiros. 

No final da tarde deste sábado o nível da água já havia baixado. Ainda assim, carros encontravam dificuldade para circular nas ruas do bairro, cheias de lama. Pelas vias, também se encontrava muito entulho tirado das casas destruídas.  

Ginásio que serve de abrigo fica sem luz

Uma interrupção no fornecimento de energia na região onde está localizado Centro Esportivo Humberto de Alencar, conhecido como Castelão, deixou os desabrigados atendidos no local às escuras. Quem chegava era cadastrado pela prefeitura e acomodado em colchões espalhados pelo chão. Com a falta de energia, os cadastros eram feitos com o auxílio da luz de telefones celulares. 

Uma parte menor dos desabrigados era recebida na Escola Municipal Alagoas, no Pinheiro do Miranda. Nesses abrigos, as famílias podem realizar o cadastro em sistema do governo do Estado para receberem o auxílio moradia. 

A maioria dos desabrigados, no entanto, ainda não sabe para onde irá. Muitas famílias perderam tudo que tinham. A reportagem do UOL apurou que não era informado pela prefeitura a partir de quando os cadastrados passariam a receber o auxílio. 

A Prefeitura de Cubatão está arrecadando doações no município e em cidades vizinhas. Roupas, cobertores, lençóis, chegavam em caminhões ao ginásio Castelão. 

Danos na cidade

Segundo informação da prefeitura, o bairro Cota 95, em Cubatão, tem sete ocorrências registradas, entre deslizamento de terra, queda de um muro e de um poste, que causou interrupção no fornecimento de energia elétrica. No Morro do Índio foram registradas 11 ocorrências, entre alagamento e risco de desabamento de paredes e telhados.

Ainda segundo a prefeitura, foram registrados oito ocorrências na Cota 200, entre deslizamentos e trincas nas paredes e muros. O Caminho dos Pilões registrou um deslizamento de terra e várias casas foram alagadas. 

Muitos trabalhadores ficaram impedidos de deixar o serviço, como funcionários do Fórum Municipal e do Ministério Público que acabaram passando a noite no local. No bairro Fabril, três alunos, menores de idade, precisaram ficar abrigados na Escola Estadual Zenon Cleantes de Moura pois os pais não conseguiram buscá-las. 

O estado de emergência decretado na manhã deste sábado na cidade serve para proteger a vida dos cidadãos, bem como remoção dos moradores residentes nos bairros atingidos e em áreas de risco, para um local seguro. O decreto permite, ainda, compras emergenciais com menos burocracia e busca de recursos junto aos governos estadual e federal.

Viagem 'de' e 'para' Santos tem problemas

As saídas de ônibus na estação rodoviária de Santos haviam sido interrompidas por volta das 17h30 de ontem (22), quando a precipitação era torrencial. Houve alagamentos, e o trânsito ficou congestionado e confuso nas avenidas que dão acesso ao Sistema Anchieta-Imigrantes. A venda de bilhetes foi retomada nesta manhã.

Às 10h30, uma atendente da rodoviária disse que "há menos ônibus porque alguns não chegaram. "A subida [da Serra do Mar] está levando de três a quatro horas. Para descer, uma eternidade. Se puder, viaje outro dia", afirmou.

Até as 22h00 deste sábado, a viagem de Santos para São Paulo demorava pelo menos 4 horas. 

Em bairros da zona noroeste de Santos, faltou energia elétrica por aproximadamente oito horas. De acordo com a CPFL Piratininga, concessionária do serviço, a colisão de um veículo em um poste interrompeu o fornecimento a 4.316 imóveis às 16h24 de ontem. A normalização completa ocorreu por volta de 0h de hoje.

Casas são inundadas em São Sebastião

Segundo informações da prefeitura de São Sebastião, as regiões mais afetadas pela chuva na cidade foram os bairros de Boiçucanga, Cambury e Maresias.

No bairro Costa Sul, uma menina de 11 anos morreu após ser arrastada pela enxurrada. O corpo da menina, que segundo a prefeitura chama-se Tainá, foi encontrado pela Defesa Civil na manhã deste sábado. A mãe da garota, a professora Leda Simões, ficou presa por cerca de 30 minutos entre troncos de árvores e foi socorrida por populares. 

Ainda segundo a prefeitura, a chuva destruiu casas, danificou pontes  e arrastou carros e motocicletas. Uma nota publicada no site da Prefeitura de São Sebastião informa que na favela do Areião, em Cambury, a água da chuva invadiu aproximadamente 200 casas e desalojou 54 pessoas. Já na favela Lobo Guará, a água chegou a 2,15 metros de altura e deixou 40 pessoas desalojadas. 

Segundo a nota, o alagamento atingiu 117 imóveis em Maresias, desalojando 37 pessoas. Já na favela Vila Sahy, 80 casas foram alagadas, mas não houve necessidade de remoção. A prefeitura diz que as pessoas desalojadas passaram a madrugada deste sábado na casa de parentes e já retornaram para suas moradias.  Ao menos 10 pessoas estão alojadas no ginásio de esportes Astrogildo Gomes de Oliveira, em Boiçucanga. No local são arrecadados donativos para os afetados pelas chuvas. 

Abastecimento de água

A chuva forte e deslizamentos de terra danificaram os sistemas de captação de água dos rios que abastecem a Baixada, mas o fornecimento não foi interrompido. A Sabesp, empresa responsável pelo serviço, pede economia à população.

Vítima de desabamento na Imigrantes

O corpo de Lílian Aparecida de Souza, 43, vítima do desabamento na rodovia dos Imigrantes, foi retirado do km 52 da pista norte às 3h15 de hoje, quase 11 horas após o acidente. O corpo de Lílian foi levado ao IML (Instituto Médico-Legal) de Santos. Ainda não há informações sobre velório e enterro da vítima.

Ao sair do carro em que viajava, por volta das 16h30 de ontem, Lílian foi vítima de uma queda de barreira provocada pela forte chuva na região. O desabamento atingiu 23 veículos de passeio e uma carreta.