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Lixo e entulho se acumulam e atraem ratos e insetos para ruas de cidade do litoral de São Paulo

Rafael Motta

Do UOL, em São Vicente (SP)

24/02/2013 06h00

Mais de um mês após o fim de uma greve de lixeiros na cidade, bairros de São Vicente (65 km de São Paulo) ainda estão tomados por sujeira e entulho. O mau cheiro e a poluição visual são mais intensos em bairros residenciais distantes da praia e em zonas periféricas de grande movimento.

Caminhões de lixo doméstico (a cargo de uma empresa terceirizada) e de coleta seletiva (sob responsabilidade da prefeitura) percorrem ruas e avenidas, mas o recolhimento não dá conta do volume acumulado. Um exemplo é o bairro Vila São Jorge, que faz divisa com a zona noroeste de Santos (72 km de São Paulo). Ali, segundo moradores, o lixo atrai ratos, baratas e mosquitos.

“Moro aqui há 15 anos, e a situação piorou”, disse a aposentada Marli dos Santos, diante de uma pilha formada por sofás, móveis e materiais de construção. “O fim do outro governo foi meio parado, e a coleta começou a ficar ruim. Não era desse jeito”, afirmou o metalúrgico Marcelo Emílio Santos de Almeida, também residente na Vila São Jorge.

Nesse bairro, o UOL viu, na última quinta-feira (21), a passagem de um caminhão de coleta de materiais recicláveis na avenida Minas Gerais, também conhecida como Linha Vermelha. A caçamba estava lotada, mas as calçadas continuavam cheias de plástico e papelão misturados ao lixo comum.

Na mesma manhã, a 1,5 quilômetro dali, um caminhão para lixo doméstico circulava na avenida Capitão Luiz Horneaux de Moura, que conduz a um trecho urbano da rodovia dos Imigrantes (para acessos à capital paulista e ao litoral sul). Ainda assim, em vias que cruzam essa avenida, parece não haver coleta há dias.

Um trecho crítico é a esquina com a avenida Alcides de Araújo, no bairro Jardim Nosso Lar, uma zona periférica margeada por um córrego sujo e com mau cheiro mais intenso do que o normal, por causa do calor.

A descida de uma passarela sobre o córrego virou ponto de depósito de lixo e entulho –comida, sofás e, até, as carcaças de um televisor e de uma máquina de lavar se juntam no espaço. Pedestres têm de contornar a sujeira e se arriscar na rua, em meio a carros e motos.

“É um descaso. Mosquitos picam a gente. Se chove, enche, e quando os ônibus passam, molham a gente”, afirmou o desempregado Arnon José dos Santos, que comentou nunca ter visto situação semelhante nos 34 anos em que vive no bairro.

Respostas

A prefeitura de São Vicente alega que a coleta de lixo domiciliar, a cargo da Termaq Engenharia, “ainda apresenta problemas” e, apesar disso, “não foi intensificada”. Só neste mês, a empresa foi notificada seis vezes a regularizar o serviço.

A última, na quarta-feira (20), com prazo de 15 dias para solução final. Do contrário, estará sujeita a multa e rompimento do contrato –válido por 30 meses, até julho de 2014, com custo total de R$ 50,9 milhões. Na Termaq ninguém se manifestou.

A coleta de entulho e recicláveis é de responsabilidade da Codesavi (empresa pública municipal). A prefeitura explicou que o limite de coleta de entulho é de um metro cúbico (até cinco sacos de 50 quilos). Acima disso, o munícipe deve contratar uma empresa particular.

Ainda segundo a prefeitura, no entanto, o presidente da Codesavi, Ivo Lira Oshiro, não pôde prestar esclarecimentos ao UOL por estar em Mauá (SP), onde há um aterro sanitário para o qual é levado o lixo da cidade.

Histórico

Em meados de janeiro último, coletores de lixo suspenderam as atividades por dois dias, em protesto contra o atraso de salários e benefícios e para que a empresa fornecesse caminhões em melhor estado para o trabalho.

Antes, em novembro, trabalhadores nos serviços de coleta também tinham cruzado os braços por questões salariais.