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28 pessoas que viviam como escravas são encontradas em fazenda de erva-mate no Paraná

Mulher mostra mão ferida após ser resgatada  - Divulgação/MPT
Mulher mostra mão ferida após ser resgatada Imagem: Divulgação/MPT

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

27/02/2013 12h53

Uma operação conjunta da Polícia Federal (PF), Ministério Público do Trabalho (MPT) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) libertou na última segunda-feira (25) 28 pessoas que estavam em situação análoga à escravidão numa fazenda em Inácio Martins (200 km a oeste de Curitiba). Ninguém foi preso.

Segundo a PF, os trabalhadores e filhos pequenos viviam em situação degradante, sem quaisquer condições de higiene, alimentação precária e nenhuma assistência médica em meio à mata nativa, onde faziam o corte de erva-mate.

“Soubemos do caso porque um trabalhador fugiu e relatou a situação. Na operação, vimos que o relato era verdadeiro. Nos alojamentos, faltava comida e não havia leite para as crianças. A comida era, basicamente, biju [mistura de farinha de milho com sal]. Para enganar a fome, o empregador dava cachaça ao pessoal”, informa Maurício de Brito Todeschini, delegado da PF em Guarapuava (255 km de Curitiba).

Dívida com o empregador

“Além disso, todos os trabalhadores tinham dívidas com o empregador. É o esquema usual nesses casos, em que se cobra pela comida e por alojamentos. Dessa forma, o trabalhador está sempre devendo, fica impedido e nem sequer tem dinheiro para sair dali. Fica configurado o regime de escravidão”, diz o delegado.

Em audiências que serão realizadas na tarde desta quarta-feira (27), o MPT irá confirmar quem era o responsável legal pelos trabalhadores. Os proprietários da fazenda e o contratante irão responder pelo crime de Redução à Condição Análoga à de Escravo, que prevê pena de dois a oito anos de prisão.