Primo relatou que Bruno reagiu com "naturalidade" à morte de Eliza, diz delegada
A delegada Ana Maria Santos, titular da delegacia de homicídios de Contagem (MG) quando do sumiço de Eliza Samudio, afirmou que Jorge Luiz Rosa, primo de Bruno, lhe disse que o goleiro reagiu com “naturalidade” assim que soube da morte da vítima.
De acordo com o menor disse à Ana Maria, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, contou a Bruno, no sítio em Esmeraldas (MG), que a morte de Eliza havia ocorrido horas antes, na casa de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em Vespasiano (MG). "Ele disse que o Bruno reagiu com naturalidade. Em seguida, ele [Jorge Luiz Rosa], Bruno, Macarrão e Sérgio Rosa Sales colocaram fogo em uma mala vermelha de Eliza Samudio."
Ao longo do processo, Jorge mudou a versão para o crime diversas vezes. Em entrevista ao "Fantástico", da "Rede Globo", há 15 dias, ele disse que Bruno não sabia da morte de Eliza, que teria sido arquitetada por Macarrão. Ao final da entrevista, mudou a versão e afirmou que não havia como Bruno saber da morte da modelo.
Defesa contesta certidão de óbito de Eliza, e Bruno chora
"Pensando que era o Rogério Ceni"
A delegada é a primeira testemunha a ser ouvida no júri do goleiro, que teve início nesta segunda-feira (4), no fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte).
Menor à época do desaparecimento da modelo, Jorge confessou ter participado do sequestro e da morte de Eliza e é a principal testemunha do caso. O episódio, aliás, veio à tona após ele ter relatado os fatos para um tio, que procurou uma rádio fluminense. O inquérito policial e a denúncia do Ministério Público basearam-se, em grande parte, nos seus depoimentos.
A delegada foi a segunda pessoa a ouvir o menor, dias após a ocorrência dos crimes. Ela afirmou que, quando foi interrogado, Jorge apresentava em condições normais e não aparentava estar drogado.
Segundo a delegada, o menor disse que ouviu uma conversa entre Macarrão e Eliza Samudio por um telefone modelo Nextel. Nessa conversa, de acordo com o menor, a vítima criticou o goleiro Bruno por ele não ajudá-la financeiramente a cuidar do filho.
Na mesma conversa, a vítima teria dito a Macarrão que “Bruno estava se achando, pensando que era o Rogério Ceni".
A delegada afirma que Jorge lhe disse que a conversa entre Eliza e Macarrão ficou muito tensa e subitamente Macarrão desligou o telefone.
Segundo Ana Maria, o menor lhe disse também que Macarrão o chamou para ir até o local onde Eliza estava hospedada, um hotel na zona oeste do Rio de Janeiro. Macarrão lhe pediu pra que ficasse escondido dentro do porta-malas do carro em que iriam buscar a vítima.
A delegada relatou que o menor lhe afirmou que deu coronhadas em Eliza dentro do carro, o que provocou ferimentos na cabeça da modelo.
Ainda segundo Ana Maria, o menor disse que, após a agressão, Eliza foi levada para a casa do goleiro no Recreio dos Bandeirantes (Rio). Lá, ele e Macarrão esperaram o jogador chegar para saber como “resolver o problema”.
Na ocasião, Fernanda Gomes de Castro, que mantinha relacionamento com Bruno, foi chamada para tomar conta do filho de Eliza.
A delegada afirma que o menor contou que Bruno soube da presença de Eliza somente quando chegou em casa.
Ele teria decidido que todos iriam para seu sítio em Esmeraldas (MG).
"Liberdade restrita"
O menor teria dito à delegada que Eliza tinha "liberdade restrita" no sítio do goleiro e que ele próprio teve a incumbência de vigiá-la.
Jorge teria dito no depoimento que ele ouviu de Macarrão que Eliza seria levada do sítio em Esmeraldas (MG) para conhecer um apartamento que Bruno daria para ela. Ele conta que seguiram saíram do sítio, em um veículo EcoSport, ele, Macarrão e Sérgio Rosa Sales, além de Eliza e o bebê.
Segundo a delegada, o menor lhe disse que antes de saírem o Macarrão teria falado ao telefone com uma pessoa de apelido “Neném” e que em uma altura do percurso Macarrão começou a seguir uma moto escura.
A delegada Ana Maria Santos afirma que, em uma diligência conjunta entre as polícias do Rio e de Minas, Jorge indicou a casa onde Eliza foi morta, em Vespasiano (MG). A casa foi identificada como a de uma pessoa apelidada de “Bola”, ou “Neném”, ou “Paulista”.
A delegada afirmou que, ao chegar na casa, Jorge Luiz urinou nas calças por estar sentindo medo. “Ele [Jorge Luiz Rosa] me narrou com detalhes como foram os últimos momentos de vida dela [Eliza]”, disse Ana Maria.
De acordo com a delegada, o autor da morte de Eliza teria pedido para a vítima ficar de costas para ele. "Com a mão esquerda --o Jorge me narrou-- o senhor passou a apalpar as costas dela e, na sequência, conforme ele me narrou, ele [Bola] passou o braço direito embaixo do queixo dela e começou a apertar o pescoço dela."
Depois, Macarrão, a pedido de Bola, segurou Eliza e passou desferir chutes nas pernas dela. Bola então teria asfixiado Eliza até a morte. "Ele [Jorge Luiz Rosa] afirmou que todos ficaram apavorados, inclusive Macarrão."
Em seguida, Bola teria pedido para que todos saíssem, segundo relatou o primo de Bruno à delegada. Uma hora depois, ele voltou com um saco preto na mão. De dentro do saco, pegou o que seria a mão de Eliza e a lançou para cães da raça rotweiller.
“Ele [Jorge], ao narrar a morte de Eliza, se mostrava bastante emocionado. Em um momento segurou nas minhas mãos. Eu percebi que ele estava sendo sincero. Disse a ele que não era fácil contar o que estava me contando. Eu mesmo fiquei muito impactada. A escrivã também me pediu pra interromper a digitação”, afirma a delegada Ana Maria Santos, primeira testemunha a ser ouvida no júri do goleiro Bruno.
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